Atenção aos mais pobres

Economia de Francisco: relatos de brasileiros que participarão do evento

Evento “Economia de Francisco” será realizado on-line e reunirá jovens economistas e empresários de 120 países para debater um mundo mais justo e fraterno

Thiago Coutinho
Da redação

Henrique Sengès Coutinho, um dos jovens brasileiros inscritos no evento Economia de Francisco / Foto: Arquivo Pessoal

Uma economia global mais justa, equânime e fraterna. Esses foram alguns dos ideais propostos pelo Papa Francisco ao sugerir o projeto Economia de Francisco. Jovens economistas e empresários com menos de 35 anos foram incitados pelo Papa Francisco a pensar numa economia mais inclusiva e justa, que englobe a todos, especialmente os mais necessitados.

Serão 2 mil jovens de 120 países a participar deste evento, que por conta da pandemia causada pela Covid-19 será realizado de maneira virtual. A cidade italiana de Assis será a sede de onde o evento será transmitido de 19 a 21 de novembro.

Os jovens inscritos poderão compartilhar suas experiências, pensamentos e trabalhos que tenham relação direta com o tema proposto. No primeiro dia, o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral fará algumas observações.

A equipe do noticias.cancaonova.com conversou com cinco jovens brasileiros que participarão deste encontro: Alan Faria Andrade, Guilherme Augusto Pereira, Henrique Coutinho, Matheus Parreira Machado e Rafael Oberleitner Crozatti. Todos atuam em áreas profissionais distintas, mas têm um objetivo comum: cooperar na criação de uma economia mais igualitária e inclusiva.

Alan Faria Andrade / Foto: Arquivo Pessoal

“Na convocação do Papa Francisco, somos chamados a alterar a atuação da economia e instaurar um processo de construção da economia do amanhã e isto está muito claro na encíclica Fratelli Tutti”, afirma o advogado Alan Faria Andrade. “Penso que precisamos viver o Evangelho e fazer como os primeiros cristãos, os quais ‘tinham tudo em comum e dividiam seus bens com alegria'”, acrescenta.

“A economia deve ser feita para melhorar a vida das pessoas”, lembra o contador Guilherme Augusto Pereira. “Muitos problemas ainda não foram vencidos, como a desigualdade social, a má gestão do dinheiro, especialmente por entidades públicas que possuem os recursos, mas devido à corrupção e o pensamento mesquinho, não o destinam à população mais carente”, lamenta.

A contribuição cristã

Questionados a respeito de como a juventude cristã pode contribuir para que a Economia de Francisco se torne uma realidade cada vez mais presente no mundo contemporâneo, os jovens são assertivos: a resposta está no Evangelho.

Rafael Oberleitner Crozatti / Foto: Arquivo Pessoal

“Antes de mais nada, sermos fiéis ao Evangelho de Jesus Cristo. Estar em comunhão com a Igreja, com o Papa, bispos e todo clero; cultivar uma vida de oração, viver em comunidade; o Povo de Deus é fonte inesgotável de resistência, força e esperança! Fortalecer as pastorais e demais organismos sociais. Pensar espaços e ações que a Economia de Francisco, de modo direto ou transversal possa acontecer”, observa o economista Rafael Oberleitner Crozatti.

“Se analisarmos tudo que vem sendo dito e propagado na Economia de Francisco, são ações que nasceram com Cristo”, reforça Matheus Parreira Machado, especialista em educação financeira. “Não devemos tolerar corrupção. Promover relações de trabalho mais justas, devemos entender que é possível ser um profissional ético, humano, e, ainda assim, prosperar na carreira”, reforça o educador financeiro.

Para Henrique Sengès Coutinho,  o jovem precisa não apenas falar de exemplo, mas ser o exemplo. “Como dito em Lucas 11,33, ‘Ninguém acende uma lâmpada e a põe em lugar oculto ou debaixo da amassadeira, mas sobre um candeeiro, para alumiar os que entram’. Por nosso maior exemplo — o próprio Cristo Jesus — nós, cristãos, não podemos de maneira alguma nos omitir diante dessa imensa oportunidade que nos é dada de ‘re-almar’ nossa sociedade”, diz.

Guilherme Augusto Pereira / Foto: Arquivo Pessoal

Um mundo centrado no materialismo

Assim que anunciou o evento, o Santo Padre alertou para o perigo do materialismo exacerbado que vem corroendo o mundo há tempos — este pensamento ficou ainda mais evidente em meio à pandemia.

“De fato, a pandemia aprofundou e jogou luz às desigualdades que por muito tempo convivíamos e estranhamente aceitávamos. O Santo Padre foi profético, pois desencadeou um processo global justamente em um dos momentos mais desafiadores da história”, afirma o economista Rafael Oberleitner Crozatti.

Por outro lado, para Henrique Coutinho, este momento tão trágico e desafiador vivido pela humanidade pode ser uma oportunidade de crescimento espiritual. “Há claramente uma oportunidade que Deus nos dá, diante desse difícil desafio, de reprogramarmos nosso olhar e enxergarmos o imensurável poder da caridade, do cuidado, da doação ao próximo”, assegura.

Matheus Parreira Machado / Foto: Arquivo Pessoal

“Deus concedeu dons a cada um de nós e devemos colocá-lo em função dos outros”, observa Guilherme Augusto. “Por isso, deve-se impulsionar governantes, educadores, familiares, empresários a estimular e incentivar as pessoas a buscarem alternativas na educação e nos meios financeiros para desenvolver em cada indivíduo o seu melhor por meio do conhecimento e de recursos financeiros”, reitera.

O evento “A Economia de Francisco” tem início nesta quinta-feira, 19, e finaliza suas atividades no sábado, 21. Mais informações podem ser encontradas por meio do endereço https://francescoeconomy.org/.

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