Último compromisso em Maurício

Às autoridades, Papa pede comprometimento com o bem comum

Encontros com o presidente do país e com autoridades marcaram o último compromisso do Papa Francisco em Maurício

Da redação

Papa durante encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático de Maurício/ Foto: Vatican Media

A visita ao presidente no Palácio Presidencial e o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático foram os últimos compromissos do Papa Francisco em Maurício. Na ocasião, o Pontífice reafirmou sua felicidade em poder realizar uma breve visita a Maurício, encontrar a população do país e conhecer mais sobre a variedade cultural, étnica e religiosa do local. O Santo Padre externou a alegria de perceber a capacidade que os mauricianos têm de reconhecer, respeitar e harmonizar as diferenças em função de um projeto comum.

“Assim é toda a história do vosso povo, que nasceu com a chegada de migrantes vindos de diferentes horizontes e continentes, que trouxeram as suas tradições, a sua cultura e a sua religião, e aprenderam, pouco a pouco, a enriquecer-se com as diferenças dos outros e a encontrar a forma de viver juntos, procurando construir uma fraternidade solícita do bem comum”, completou.

Neste sentido, o Papa destacou que a população de Maurício tem uma voz com autoridade capaz de lembrar que é possível alcançar uma paz estável partindo da convicção de que “a diversidade é bela, quando aceita entrar constantemente num processo de reconciliação até selar uma espécie de pacto cultural que faça surgir uma diversidade reconciliada” (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 230). “Esta é base e oportunidade para a construção duma verdadeira comunhão no seio da grande família humana sem haver necessidade de marginalizar, excluir ou rejeitar”, frisou.

Papa e o presidente de Maurício/ Foto: Vatican Media

Para Francisco, o DNA do povo mauriciano guarda a memória de movimentos migratórios que estabeleceram uma necessidade local de abertura às diferenças, em vista de uma integração e promoção do bem de todos. O Pontífice desafiou a sociedade local que, na fidelidade às raízes, assumirem a postura de acolher e proteger os migrantes que chegam à procura de trabalho, e a serem protagonistas e defensores duma verdadeira cultura do encontro, que permita aos migrantes e a todos ver reconhecida a sua dignidade e os seus direitos.

“Na história recente do vosso povo, merece o nosso apreço a tradição democrática estabelecida desde a independência, que contribui para fazer das Ilhas Maurícias um oásis de paz. Faço votos de que este estilo de vida democrática possa ser cultivado e desenvolvido, contrastando nomeadamente todas as formas de discriminação, pois ‘a vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais’ (Francisco, Mensagem para o LII Dia Mundial da Paz , 1 de janeiro de 2019)”, afirmou.

O Santo Padre exortou todos os envolvidos na vida política da República de Maurício a serem um exemplo, especialmente para os jovens, no combate a todas as formas de corrupção, manifestando o valor do compromisso a serviço do bem comum, sendo sempre dignos de confiança. O Papa falou também do intenso desenvolvimento econômico, ocorrido no país após a independência. “Devemos, certamente, rejubilar, mas sem deixar de permanecer vigilantes”, alertou. No contexto atual, Francisco sublinhou que, muitas vezes, parece que o crescimento econômico nem sempre beneficia a todos e até deixa de lado – devido a certas estratégias da sua dinâmica – um número considerável de pessoas, especialmente os jovens.

“Gostaria de vos animar no desenvolvimento duma política econômica orientada para as pessoas, que seja capaz de favorecer uma melhor distribuição das entradas, a criação de oportunidades de trabalho e a promoção integral dos mais pobres (cf. Evangelii gaudium, 204). E animar-vos a não ceder à tentação dum modelo econômico idolátrico que precisa sacrificar vidas humanas no altar da especulação e da mera rentabilidade, que tem em conta apenas o benefício imediato em detrimento da proteção dos mais pobres, do meio ambiente e seus recursos. Trata-se de prosseguir com aquela atitude construtiva que impele – como escreveu o cardeal Piat por ocasião do cinquenta anos da independência das Ilhas Maurícias – a incentivar uma conversão ecológica integral’, exortou.

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O Pontífice explicou que a conversão ecológica integral não só evita fenômenos climáticos tremendos ou grandes desastres naturais, mas procura também promover uma mudança nos estilos de vida para que o crescimento econômico possa verdadeiramente beneficiar a todos, sem o risco de causar catástrofes ecológicas nem graves crises sociais.

Sobre as várias religiões presentes em Maurício e suas respectivas identidades, Francisco manifestou apreço pelo modo como trabalham juntas. Para o Papa, as religiões contribuem para a paz social e recordam o valor transcendente da vida contra todo o tipo de reducionismo. “Confirmo a disponibilidade dos católicos das Ilhas Maurícias para continuar a participar neste frutuoso diálogo que marcou tão fortemente a história do vosso povo. Obrigado pelo vosso testemunho”, afirmou.

Antes de despedir-se, o Santo Padre agradeceu, mais uma vez, a calorosa recepção dos mauricianos, e desejou: “Almejo de coração que Deus abençoe o vosso povo e todos os esforços que fazeis para favorecer o encontro entre diferentes culturas, civilizações e tradições religiosas na promoção duma sociedade justa, que não esqueça os seus filhos, especialmente os mais necessitados. Que o seu amor e a sua misericórdia continuem a acompanhar-vos e a proteger-vos”.

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