Audiência geral

Após recesso de verão, Papa retoma catequeses alertando sobre idolatria

Os ídolos prometem vida, mas na verdade a tiram, disse o Papa, dando continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Mandamentos

Da Redação, com Boletim da Santa Sé 

Santo Padre na Sala Paulo VI para a catequese desta quarta-feira, 1º / Foto: Reprodução Youtube – Vatican News

Após um recesso nesse período de verão na Itália, o Papa Francisco retomou nesta quarta-feira, 1º, as catequeses, seu encontro semanal com os peregrinos de várias partes do mundo. O Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os mandamentos, concentrando-se hoje no tema da idolatria. Segundo Francisco, esse é um tema de grande importância e atualidade. 

“Não terás outros deuses diante de minha face”. A partir dessa passagem do livro do Êxodo, o Papa explicou que esse mandamento proíbe ídolos ou imagens de todo tipo. Citando o Catecismo da Igreja Católica, lembrou que a idolatria não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo, mas a uma constante tentação da fé, divinizar aquilo que não é Deus. 

“Estamos falando de uma tendência humana, que não poupa nem crentes nem ateus. Por exemplo, nós cristãos podemos nos perguntar: qual é realmente o meu Deus? É o Amor Uno e Trino ou é a minha imagem, o meu sucesso pessoal, talvez dentro da Igreja?”. 

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.: Catequeses do Papa Francisco

Francisco observou que o mundo oferece um “supermercado” de ídolos, que podem ser objetos, imagens, ideias, papéis. Nesse ponto da reflexão, o Papa alertou sobre a “oração que se faz aos ídolos”. Ele falou de uma recordação sua dos tempos de Buenos Aires: quando se deslocava a pé para uma Missa, passou por um parque e viu pessoas jogando tarô. “Iam ali para ‘rezar’ ao  ídolo. Em vez de rezar a Deus que é providência do futuro, iam ali porque liam as cartas para ver o futuro. Esta é uma idolatria dos nossos tempos”. 

A palavra “ídolo”, em grego, deriva do verbo “ver”. O Santo Padre explicou que um ídolo é uma “visão” que tende a se tornar uma obsessão. “O ídolo é na realidade uma projeção de si mesmo nos objetos ou nos projetos”. E os ídolos exigem um culto, os rituais. O Papa lembrou que na antiguidade se faziam sacrifícios humanos aos ídolos, mas também hoje isso acontece.

“Pela carreira se sacrificam os filhos, negligenciando-os ou simplesmente não os gerando; a beleza pede sacrifícios humanos. Quantas horas diante do espelho! Certas pessoas, certas mulheres, quanto gastam para se maquiar?! Também esta é uma idolatria. Não é ruim maquiar-se; mas de modo normal, não para se tornar uma deusa. (…) Também a droga é um ídolo. Quantos jovens arruínam a saúde, até mesmo a vida, adorando este ídolo da droga”. 

Por fim, o Papa mencionou o estágio mais trágico da idolatria: os ídolos escravizam, prometem felicidade, mas não a dão, e a pessoa fica presa à espera de um resultado que nunca chega. 

“Queridos irmãos e irmãs, os ídolos prometem vida, mas na realidade a tiram. O Deus verdadeiro não pede a vida, mas a doa, a presenteia. O Deus verdadeiro não oferece uma projeção do nosso sucesso, mas ensina a amar. O Deus verdadeiro não pede filhos, mas doa o seu Filho por nós”. 

Francisco convidou os fiéis a pensarem em quantos ídolos eles têm, porque reconhecer as próprias idolatrias é um início de graça e coloca no caminho do amor. “Qual é o meu ídolo? Tirem-no e joguem-no pela janela!”, finalizou. 

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