Audiência

Aos Focolares, Papa pede evangelização com diálogo e abertura

Francisco participou neste sábado, 6, da conclusão da Assembleia Geral do Movimento dos Focolares

Da redação, com Vatican News

Papa durante audiência com os membros do Movimento Focolares /Foto: Vatican Media/CCP/IPA/ABACAPRESS.COM via Reuters

Membros do Movimento dos Focolares encontraram o Papa Francisco em audiência neste sábado, 6. O encontro aconteceu na Sala Paulo VI. Na ocasião, o Pontífice pediu a eles uma evangelização com diálogo e abertura. Desta forma, Francisco afirmou que os Focolares continuarão no caminho indicado pela fundadora, Chiara Lubich.

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O discurso do Santo Padre concluiu a Assembleia do Movimento, iniciada em 24 de janeiro. Para encorajá-los em sua tarefa, o Papa ofereceu algumas reflexões. São elas resumidas em três pontos. “O pós-fundador; a importância das crises; viver a espiritualidade com coerência e realismo”.

Fidelidade às origens e à escuta do novo

Doze anos se passaram desde a morte de Chiara Lubich, lembrou Francisco. “Vocês são chamados a superar o desencorajamento e também a queda numérica. É preciso continuar a ser uma expressão viva do carisma fundador”. Foi o que defendeu o Pontífice.

Para isso, o Santo Padre reafirmou aos Focolares a necessidade de uma fidelidade dinâmica. Ou seja, um compromisso de permanecer fiéis à fonte original. O Papa pediu esforços para conseguirem dialogar com as novas situações sociais e culturais.

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A espiritualidade dos Focolares, afirmou o Santo Padre é caracterizada pelo diálogo e abertura. Isso pode fomentar este processo de diálogo. “A abertura aos outros, sejam eles quem forem, é sempre para ser cultivada. O Evangelho é destinado a todos, mas não como proselitismo. É um fermento de nova humanidade em todos os lugares e tempos”.

“Esta atitude de abertura e diálogo ajudará vocês a evitar qualquer autorreferencialidade”. Segundo o Papa, isto é o esperado para toda a Igreja. “Isto é o ter cuidado com o fechar-se em si mesma. Leva a defender a instituição em detrimento das pessoas. Também pode levar a justificar ou encobrir formas de abuso. Com tanta dor que temos descoberto e experimentado nos últimos anos”.

A autorreferencialidade, explicou Francisco, deve ceder à parresía, à transparência. Elas ajudarão o Movimento a enfrentar com coragem e verdade os diferentes problemas. “Sempre seguindo as indicações da Igreja, que é verdadeira Mãe, e respondendo às exigências da justiça e da caridade”, pediu.

Toda crise é oportunidade para atingir uma nova maturidade

O segundo ponto é a importância das crises. “Não se pode viver sem crises, as crises são bênçãos, para a vida das pessoas e também para a vida das instituições. O conflito é negativo, não a crise”., apontou o Papa.

“Toda crise é um chamado a uma nova maturidade. É um tempo do Espírito, que desperta a necessidade de operar uma atualização. Sem desanimar, diante da complexidade humana e de suas contradições. Hoje em dia, há muita ênfase na importância da resiliência diante das dificuldades. Ou seja, a capacidade de enfrentá-las positivamente, tirando delas oportunidades”.

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Francisco continuou explicando a é responsabilidade dos que ocupam cargos de governo. Precisam “esforçar-se para lidar da melhor maneira, da forma mais construtiva, com crises comunitárias e organizacionais”. As crises que envolvem a consciência dos indivíduos exigem ser tratadas com prudência por todos.  

“Uma boa regra e que se aplica não apenas aos momentos de crise das pessoas, mas em geral ao seu acompanhamento em sua jornada espiritual. É essa sábia distinção entre fórum externo e interno que a experiência e a tradição da Igreja nos ensina ser indispensável. De fato, a mistura da esfera de governo e da esfera de consciência dá origem aos abusos de poder e de outros dos quais fomos testemunhas”.

Proximidade fraterna a todos e transparência interna

O terceiro ponto é: viver a espiritualidade do Movimento. Os Focolares deve estar centrados na oração de Jesus para que “todos sejam uma só coisa”. Com coerência e realismo assumir um duplo compromisso: fora do Movimento e dentro dele, defendeu o Papa.

No que diz respeito ao agir externo, o Santo Padre os encorajou testemunhas da proximidade com amor fraterno. Assim, superar todas as barreiras e alcançar todas as condições humanas.

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Promover a justiça e a paz. Seguir o caminho da proximidade, começando pelos pobres e os últimos. Trabalhar em conjunto com pessoas de boa vontade. Foram pontos defendidos pelo Pontífice.

O convite do Papa é promover a sinodalidade, a corresponsabilidade e a participação no compromisso dentro do Movimento. A lógica que deve ser perseguida é a “lógica da comunhão. Segundo ela todos podem colocar a serviço dos outros seus próprios dons, suas próprias opiniões na verdade e com liberdade”.

Transformar a dor em luz e esperança

Francisco exortou os membros do Movimento, a imitarem Chiara Lubich. Permanecer “sempre ouvindo o grito de abandono de Cristo na cruz, que manifesta a mais alta medida do amor”.

“A graça que vem dela é capaz de despertar em nós, fracos e pecadores, respostas generosas e às vezes heroicas. É capaz de transformar o sofrimento e até mesmo a tragédia em uma fonte de luz e esperança para a humanidade. Nesta passagem da morte à vida está o coração do Cristianismo e também do carisma de vocês”, destacou o Santo Padre.

Agradecimento do Papa

Por fim, Francisco agradeceu os Focolares pelo alegre testemunho do Evangelho que continuam oferecendo à Igreja e ao mundo, o Papa abençoou os presentes e confiou todos os membros do Movimento a Maria, Mãe da Igreja.

A saudação de Maria Voce

O momento de encontro deste sábado na Sala Paulo VI foi especial para o Movimento dos Focolares. O Pontífice aceitou que ela pudesse ser seguida via streaming de todo o mundo. A primeira a falar foi Maria Voce, que dirige o Movimento há 12 anos. Ela o fez para apresentar a nova presidente, Margaret Karram.

Karram foi eleita pela Assembleia Geral da Obra de Maria no dia 1º de fevereiro. Maria Voce agradeceu o Papa por seu apoio e acompanhamento.

Margaret Karram é católica, nascida em Haifa, Israel, de uma família de origem palestina. Na Terra Santa, tem intensa experiência em ajudar a construir “relações construtivas de paz e verdadeira fraternidade”.

Quando chegou a Roma, Karram foi Conselheira da Obra de Maria. “Somos gratos ao Espírito Santo por tê-lo escolhido”, disse Maria Voce, antes de passar a palavra a Margaret. “Na alegria de poder confiá-la agora, Santo Padre, à sua oração e ao seu amor”.

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