Bento XVI reflete sobre significado do tempo no seminário

Durante a viagem apostólica à Alemanha, o Papa Bento XVI teve um encontro privado com um grupo de seminaristas da cidade de Friburgo e fez um discurso de forma espontânea. Nesta terça-feira, 27, a Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou trechos da mensagem.

Bento XVI refletiu com os futuros sacerdotes sobre o significado do tempo de permanência no seminário e citou uma passagem do Evangelho de São Marcos na qual ele descreve a constituição da comunidade dos Apóstolos.

“O Senhor fez os doze. Ele criou algo e fez-lhes, para estarem com Ele e enviá-los. Eles devem estar com Ele para poder conhecê-lo, mas, ao mesmo tempo, eles devem ser enviados para transmitirem o que aprenderam, levarem a Ele outros homens que encontram pelo caminho – nas periferias, no vasto mundo e àqueles que estão longe Dele. Aprender isso, a caminharem juntos, sendo enviados, e estando com ele, permanecer com ele, é – penso eu – exatamente o que aprendemos no seminário”, disse o Papa ao seminarista, no sábado, 24.

Confiança em Deus

Para o Pontífice, o seminário é um tempo de exercitação, certamente também de discernimento e aprendizagem, um período para entender a vocação a partir da vida comunitária e do diálogo com os diretores espirituais.

“Aprender a ter confiança: se Deus quer, então posso me firmar Nele. No mundo de hoje, no qual tudo muda continuamente, no qual as ligações humanas são soltas, torna-se sempre mais difícil acreditar. Resistirei por toda a vida, se Deus me quer, me dará também a confiança, me sustentará, na hora do perigo estará sempre presente, colocará pessoas sobre minha estrada, me mostrará os caminhos, me apoiará. E a fidelidade é possível, porque o Senhor está sempre presente e porque Ele existe ontem, hoje e amanhã”, ressaltou.

Tempo de escuta e estudo

Não apenas um tempo de discernimento, aprendizagem e clarificação, para o Santo Padre, o seminário é também um tempo de oração, um tempo para aprender realmente a escutar Deus – nas palavras da Sagrada Escritura, na fé da Igreja e na Liturgia.

“Nas exegeses aprendemos tantas coisas sobre o passado: tudo aquilo que existia ontem, os fundamentos, as comunidades que existiam e assim por diante… Isso também é importante, mas o mais importante é que nesse ‘ontem’ nós aprendemos o ‘hoje’, que o Senhor com estas palavras nos fala agora, isso tudo mostra o seu hoje e, nesse início histórico, se vê a plenitude que fala a todas as épocas”, salientou o Papa.

“A fé vem da escuta”, disse o Papa citando as palavras de São Pedro, e explica que a fé precisa da ‘palavra vivida’, da palavra da Igreja em todas as épocas, da palavra atual que a Igreja transmite por meio de seus sacerdotes, bispos, irmãos e irmãs.

Acolhimento e fundamentação da fé

O Pontífice destacou a importância de aceitar os outros com suas peculiaridades e estar ciente da tolerância mútua. Só assim, destacou Bento XVI, é possível construir uma comunhão com toda a comunidade de fiéis, de hoje, de todos os lugares e de todos os tempos. “Nós somos a Igreja, somos justamente no abrir-se, no caminhar para fora de nós mesmo e no estar junto aos outros!”, enfatizou.

Por fim, ele recordou aos seminaristas a importância do estudo na preparação do sacerdócio citando uma passagem de São Pedro: “Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (cf. 1Pd 3,15).

“O nosso mundo hoje é um mundo racionalista e condicionado pela ciência, também muitas vezes trata-se de uma ciência só aparente. A fé não é um mundo paralelo do sentimento, como um algo a mais, mas é aquilo que abraça tudo, dá sentido a tudo, interpreta e também dá as diretrizes ética internas, a fim de que seja compreendido e vivido a partir de Deus”, ressaltou.

Bento XVI finalizou dizendo que estudar é essencial, pois somente assim é possível afrontar o tempo atual e anunciar a razão e o sentido da fé em Cristo.

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