Legado de João XXIII

Bispo comenta importância do Concílio Vaticano II

Dom Antônio Ribeiro de Oliveira participou da quarta sessão do Concílio e elenca algumas das riquezas deixadas pelo Pontífice

André Alves
Da Redação

dom antonio ribeiro de oliveira

Dom Antônio Ribeiro, bispo emérito de Goiânia (GO), participante da quarta sessão do Concílio Vaticano II / Foto: Arquivo

Entre o legado deixado para a Igreja por João XXIII, o Papa Bom, a convocação que ele fez para o Concílio Ecumênico Vaticano II tem destaque. O evento, realizado de 1962 a 1965, teve grande importância, pois foi responsável por significativas mudanças na atuação católica no mundo.

Segundo o bispo emérito da arquidiocese de Goiânia (GO), Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, que inclusive participou da quarta sessão do Concílio, o evento trouxe uma nova expectativa, uma visão mais real da Igreja.

Dentre as inúmeras mudanças aprovadas pelo Vaticano II, Dom Antônio destaca o pensamento de que a Igreja não pode ficar alheia às mudanças sociais, políticas e econômicas. Segundo ele, ela não tem a missão direta a isso, mas deve iluminar o mundo com os princípios do Evangelho e da doutrina católica.

“Uma das coisas interessantes da Gaudium et Spes é isso: ela não quer responder a todos os problemas humanos, mas quer ser luz para o mundo, dizendo que as preocupações, as angústias, os sofrimentos, as alegrias e as tristezas do mundo atual também são responsabilidade do cristão. Ele não pode ser alheio ao ambiente em que vive. Essa presença cristã na sociedade é uma das coisas mais importantes, me parece, do Concílio”, destacou.

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O segundo aspecto importante, de acordo com Dom Antônio, é o reconhecimento do papel do leigo na sociedade. “A Igreja não pode ser clerical – afirmou o bispo. Ela tem uma visão ampla do povo de Deus que abrange sim os ministros ordenados, mas o leigo tem uma missão fundamental na sociedade, quer na criação de opinião pública, quer, sobretudo, pela sua atuação nos vários campos da atividade humana”.

Dom Antônio acredita que o então Papa João XXIII e a sua participação na convocação do Concílio ajudaram muito a Igreja a se atualizar. Considera também que a presença do Papa é sempre uma atuação da Providência Divina que envia à Igreja o auxílio necessário.

“Para cada época, Deus vai suscitando na Igreja um Papa de acordo com as necessidades do tempo. Por exemplo, Leão XIII e a questão operária; Pio X e a visão sacramental; Bento XV, o homem da paz; Pio XI, o homem da ação católica, que escreveu um dos grandes documentos condenando o comunismo, o nazismo e o fascismo, e ao mesmo tempo chamando os cristãos para a militância cristã; Pio XII, o homem da paz na época da grande guerra, homem da ciência e da cultura; e João XXIII, o homem para as necessidades da Igreja atual”, recordou.

Observando a história, Dom Antônio conclui com aquilo que afirma a fé católica, desde o início do cristianismo, segundo relatos do livro dos Atos dos Apóstolos: “a Igreja é conduzida pelos Papas que o Espírito Santo vai suscitando”.

Os beatos João XXIII e João Paulo II serão canonizados neste domingo, 27, Festa da Misericórdia. A canonização de dois Pontífices no mesmo dia é um feito histórico na Igreja Católica.

O evento deve ser acompanhado por milhares de pessoas na Praça São Pedro, em Roma, e também através dos meios de comunicação. A TV Canção Nova transmitirá a Missa de canonização, presidida pelo Papa Francisco, às 5h, pelo horário de Brasília.

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