Economia

Taxa de desemprego no país recua para 13,9% no quarto trimestre

Apesar do recuo, taxa de desemprego média do ano é a maior desde 2012

Da redação, com IBGE

A taxa de desemprego caiu para 13,9% no quarto trimestre, depois de atingir 14,6% no trimestre anterior. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 26, pelo IBGE.

Mesmo com o recuo, a taxa média de desocupação para o ano de 2020 foi de 13,5%, a maior desde 2012. Isso corresponde a cerca de 13,4 milhões de pessoas na fila por um trabalho no país. O resultado para o ano interrompe a queda na desocupação iniciada em 2018, quando ficou em 12,3%. Em 2019, o desemprego foi de 11,9%.

No intervalo de um ano, a população ocupada reduziu 7,3 milhões de pessoas, chegando ao menor número da série anual. Essa queda da ocupação foi disseminada por todos os trabalhadores. Em um ano, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) teve redução recorde, menos 2,6 milhões. O recuo foi de 7,8%, ficando em 30,6 milhões de pessoas. Os trabalhadores domésticos (5,1 milhões) diminuíram 19,2%, também a maior retração já registrada.

Autônomos

Houve redução de 1,5 milhão de pessoas entre os trabalhadores por conta própria, que somaram 22,7 milhões, uma retração de 6,2% em relação a 2019. O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (9,7 milhões) caiu 16,5%, menos 1,9 milhão de pessoas. Até o total de empregadores recuou 8,5%, ficando em 4,0 milhões.

Já a taxa de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020. Isso representa 33,3 milhões pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração. Adriana lembra que os informais foram os primeiros atingidos pelos efeitos da pandemia no ano passado.

Outro destaque foi a alta recorde no total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. No ano, esse contingente chegou a 31,2 milhões, o maior da série, um aumento de 13,1% com mais 3,6 milhões de pessoas.

Os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, chegaram a 5,5 milhões de pessoas 2020, uma alta de 16,1% em relação ao ano anterior. É também o maior contingente da série anual da PNAD Contínua.

“Com os impactos econômicos da pandemia, muitas pessoas pararam de procurar trabalho por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus. Durante o ano de 2020, observamos que a população na força de trabalho potencial cresceu devido ao contexto. Esse processo causado pela pandemia, somado às dificuldades estruturais de inserção no mercado de trabalho, podem ter reforçado a sensação de desalento”, afirmou a analista da pesquisa.

Administração Pública

Em um ano de perdas generalizadas na ocupação, a exceção entre as atividades foi a administração pública, que cresceu 1%, com mais 172 mil trabalhadores, impulsionada pelos segmentos de saúde e educação. Já construção fechou 2020 com perda de 12,5% na ocupação, seguido de comércio (9,6%) e indústria (8,0%). Os serviços também foram os mais afetados, com destaque para alojamento e alimentação (21,3%) e serviços domésticos (19,0%). Outros serviços reduziram 13,8% e transportes, 9,4%. Os menores percentuais ficaram com agricultura (2,5%) e informação e comunicação (2,6%), que, inclusive, interrompeu três anos seguidos de crescimento da ocupação.

Em 2020, o rendimento médio real dos trabalhadores foi de R$ 2.543, um crescimento de 4,7% em relação a 2019. Já a massa de rendimento real, que é a soma de todos os rendimentos dos trabalhadores, atingiu R$ 213,4 bilhões, uma redução de 3,6% frente ao ano anterior.

Desocupação cai no quarto trimestre, após atingir maior patamar

No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação caiu para 13,9%, depois de atingir 14,6% no terceiro trimestre. Encerrou em setembro o maior patamar já registrado na comparação trimestral. Apesar do recuo de 0,7 ponto percentual, o país ainda somava 13,9 milhões de pessoas sem trabalho. Segundo Adriana, essa reação do mercado de trabalho já era esperada.

“O recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio. É interessante notar que mesmo num ano de pandemia, o mercado de trabalho mostrou essa reação”, afirma a analista da pesquisa.

Os principais destaques, no período, foram o aumento de 10,8% no contingente de empregados sem carteira assinada. O número atingiu 10,0 milhões de pessoas. O total de trabalhadores por conta própria avançou 6,8%, somando 23,3 milhões. Na mesma comparação com o trimestre anterior, empregados com carteira avançaram 1,8%, atingindo 29,9 milhões.

O percentual de trabalhadores informais também subiu de 38,4%, no terceiro de trimestre de 2020, para 39,5%, no quarto trimestre. Isso compreende 34,0 milhões de pessoas, um aumento de 2,4 milhões de trabalhadores na informalidade.

Esse resultado no trimestre foi puxado pelo aumento na ocupação em quase todos os grupos de atividades: agricultura (3,4%), indústria (3,1%), construção (5,2%), comércio (5,2%), alojamento e alimentação (6,5%), informação e comunicação (5,8%), outros serviços (5,9%), serviços domésticos (6,7%) e administração pública (2,9%). Apenas transporte ficou estável.

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