Artigo Frei Moser

Sim, nós podemos acabar com o aborto

 

São sempre mais numerosos os países do chamado Primeiro Mundo que descriminalizam o aborto. E são igualmente sempre mais numerosos os países em desenvolvimento que julgam ser uma questão de honra seguir os passos dos "países avançados".

E é com este quadro de fundo que se compreende o empenho de certas instâncias governamentais e certos setores da sociedade brasileira para seguir o mesmo caminho. Apesar de pesquisas de opinião pública indicarem que não é esta a vontade da maioria da nossa população, claramente marcada pelo senso ético, ao menos neste particular, e apesar de anteprojetos visando o aborto haverem sido rejeitados, outros estão em andamento.

Reportagens anunciadas em letra garrafais se encarregam de "romper o silêncio" e preparar o campo para atingir o objetivo, que não se reduz à descriminalização, mas que pretende ir mais longe, no sentido de incentivar à mulher a assumir o direito de decidir sobre o destino de uma eventual gravidez. Os argumentos são sempre os mesmos: é preciso reduzir os danos oriundos dos abortos clandestinos e respeitar as liberdades individuais. Para tanto é preciso garantir a possibilidade de abortos considerados seguros e com o mínimo de inconvenientes, como se isto fosse possível.

Dentro deste contexto não deixou de chamar a atenção uma "marcha pela vida", efetuada logo no segundo dia do mandato de Obama, o novo Presidente dos USA. A novidade não está na marcha em si, que já se tornou uma tradição, mas na mudança do foco que os milhares de participantes da marcha e os muitos movimentos em favor da vida estão imprimindo. Já não se trata apenas de reafirmar que o aborto é crime, mas de propor uma verdadeira política em favor do respeito à vida.

Apoiando-se no conhecido slogan que em muito contribuiu para a vitória do novo Presidente os manifestantes passaram a levantar cartazes com estes dizeres: "sim, nós podemos… acabar com o aborto". A proposta que se encontra por trás deste novo slogan consiste exatamente em pressionar as autoridades em favor de programas de apoio às mulheres grávidas, para incentivá-las a levar a gravidez até o fim.

Claro que ao se falar em tais programas não se pensa apenas em subsídios de cunho financeiro, psicológico e ético para que a gravidez possa ser levada a bom termo. Pensa-se também na necessidade de se oferecer a todos uma verdadeira educação para o amor.

 

"Sim, nós podemos acabar com o aborto" na medida em que conseguirmos desvelar aos olhos de todos a beleza da sexualidade e do amor, quando assumidos com maturidade e responsabilidade, no contexto de um comprometimento pessoal e social. "Sim, nós podemos acabar com o aborto" na medida em que conseguirmos desvelar para todos a beleza da vida em todas as suas manifestações e em todas as suas etapas.

Sem dúvida uma legislação que protege a vida de todos, desde o início até o final, tem um peso significativo em termos de comportamentos, e portanto também em termos de equilíbrio pessoal e social. Mas ela só atingirá seus objetivos na medida em que for conjugada com ações capazes de mudar uma mentalidade egoísta e pragmática, dando lugar a uma mentalidade verdadeiramente humana. Só corresponde à racionalidade humana o perceber-se como criatura de Deus e como tal, capaz de acolher as limitações próprias desta condição criatural.

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