Inclusão social

Pastoral em BH trabalha pela inclusão e evangelização dos surdos

Há quase três décadas, Pastoral presta auxílio a surdos para que se  integrem à sociedade e aprendam mais sobre o Evangelho

Thiago Coutinho
Da redação

Língua de Sinais ajuda os surdos a se integrarem no mundo / Foto: Katarzyna Bialasiewicz – Getty Images

Criada em 1992, a Pastoral do Surdo da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) tem premissas bem claras: evangelizar e incluir na sociedade os surdos. Este trabalho, desenvolvido há quase três décadas, leva a Palavra de Deus por meio da Língua Brasileira de Sinais — mais conhecida como LIBRAS.

“A forma de evangelização é a mesma, mas tudo gira em torno da língua de sinais. Assim, eles podem conhecer a Palavra de Deus, receber os sacramentos e participar da vida na Igreja”, explica padre Wagner Douglas Gomes de Souza, responsável pela Pastoral do Surdo na arquidiocese mineira. 

Para o padre, a falta de conhecimento das pessoas em torno da comunicação própria dos surdos, o preconceito que elas têm que lidar diariamente são os maiores desafios enfrentados pela Pastoral desde sua criação. “Acredito que a língua de sinais é uma forma de contato entre o surdo e o ouvinte”, diz padre Wagner. “O reconhecimento pela sociedade e o governo é recente. E assim conseguimos aumentar o número de pessoas nesta inclusão”.

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A Pastoral auxilia a formar intérpretes na linguagem de sinais para que assim tornem-se agentes que assistem nesta comunicação com os surdos. São necessários dois anos para que se adquira fluência na interpretação dos sinais, segundo padre Wagner. Mas em pouco tempo já se pode dominar a língua com certa habilidade. “O próprio surdo sendo protagonista facilita, ele se torna professor e catequista, é uma ajuda muito significativa nesta cultura”, acrescenta o padre.

Para padre Wagner, a melhor maneira de absorver e ensinar a língua de sinais é a convivência com outros surdos. “O próprio surdo é o melhor agente para este ensino, para esta partilha. Quando proporcionamos a eles um espaço para este ensino, o objetivo é melhor atingido”, diz.

É por este motivo também que “deficiente auditivo” não é a maneira correta para se referir aos surdos. “Para o surdo é muito significativo que ele assimile e assuma sua pessoa. O surdo tem que assumir a sua identidade como surdo. O deficiente auditivo tem outros graus, fala a língua portuguesa. O surdo assume a língua de sinais como sua língua-mãe”, esclarece.

Inclusive, o singular no nome da Pastoral tem um significado forte: trata-se do carinho de Deus de forma individual para cada uma dessas pessoas. “Por isto fica no singular: Cristo olha para cada pessoa individualmente”, informa o padre.

As novas tecnologias

As novas tecnologias midiáticas, como as redes sociais e os smartphones, também se tornaram uma ferramenta de auxílio para os surdos. Segundo padre Wagner, os surdos trocam informações, por exemplo, por videoconferências. “Os meios de comunicação e as tecnologias ajudam muito”, garante. “Tenho um sinal para isto, tenho um sinal para aquilo. Um surdo lá do norte, que descobriu um sinal, compartilha nos aplicativos. Como é uma língua nova, que vai se descobrindo e nascendo, os meios de comunicação ajudam muito”, finaliza.

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