Homilia

Homilia de Dom Lorenzo Baldisseri

“Quem age segundo a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (João 3,21).

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Estas palavras de Jesus na conclusão do diálogo com Nicodemos – o discípulo noturno – me inspiram a colocar alguns pontos de reflexão e meditação, que gostaria de participar-lhes.

Sim, agir segundo a verdade é participar da luz e do esplendor de Cristo ressuscitado. É a iluminação que vem de Jesus Cristo que disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e Vida” (João 14,6).

A citação deste fato não é contra a razão humana. O intelecto do ser humano busca por si mesmo a verdade, que é a sua luz, para entender a realidade de si mesmo e de tudo aquilo que está ao seu redor.

A luz da verdade ilumina as trevas da ignorância e abre horizontes luminosos ao destino de cada um. Como uma chama, uma tocha acesa nas mãos do peregrino. Uma mão luminosa estendida à frente, que avança, e permite enxergar o caminho certo, para chegar ao bom fim.

A verdade é inerente a natureza humana. Através dela o ser humano é capaz de captar os meios necessários para responder e descobrir às motivações profundas da existência humana.

A Páscoa é a luz que ilumina o mundo, esclarece o caminho terrestre e decifra o enigma humano da dor e da morte.

Com respeito à verdade, desejo colocar aqui um comentário do Santo Padre, Bento XVI, em sua homilia da quinta-feira passada. Citando uma passagem da oração sacerdotal de Jesus.

“Consagra-os na verdade. A tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. Eu consagro-Me por eles, para que também eles sejam consagrados na verdade” (Jo 17,17s).

“Consagra-os na verdade” se refere aos discípulos, pelos quais Ele reza ao Pai. Jesus estava vivendo um momento intenso, doloroso e trágico.

Sua missão terrestre tinha que continuar através de homens escolhidos. Jesus dirige essas palavras profundas para indicar como é sublime sua missão e ao mesmo tempo humano tudo aquilo que está acontecendo. O filho de Deus com um mandato a cumprir, e homem, filho de Maria que por sua natureza partilha e compreende a fraqueza humana, e por isso reza ao Pai por seus discípulos.

Entrando mais na intimidade de Jesus, observamos sua profunda união com o Pai. O amor tudo move, tudo dirige, tudo ilumina, tudo anima, tudo fascina, e tudo torna belo, maravilhoso e feliz.

Se Jesus apela ao Pai por seus amigos, assim são os seus discípulos, é porque Ele sabe que o Pai celestial entende a linguagem do amor. Deus é amor.

O amor de Deus é tudo. E a verdade sobre Deus é o amor. Os discípulos foram chamados a continuar a missão de Jesus e a dar testemunhos do amor.

“Consagra-os na verdade. A tua Palavra é a verdade.” Não podemos deixar de ver a ligação entre os discípulos – separados, tirados do mundo, entregues a Deus – e a Palavra, que no prólogo de João, é o ‘Verbo’, o filho de Deus.

“A tua palavra é a verdade.” O filho de Deus encarnado é a verdade, e conteudo da Boa Nova é Jesus Cristo, palavra de Deus feito homem.

Quanto Pilatos perguntou “O que é a verdade?” Jesus não respondeu. Toda a sua vida foi resposta. Não se trata de verdade filosófica, é verdade de vida, testemunho, verdade encarnada. Ele coloca a verdade no centro da vida dos discípulos.

Jesus quer que os homens sejam livres da escravidão, do egoísmo, da cegueira do orgulho, das trevas da ignorância, e indica o caminho: conhecer e permanecer na Sua Palavra, que quer dizer, permanecer n’Ele.

Quantas palavras vãs e inúteis. Quanto barulho reina no mundo. Infelizmente, o homem de hoje não escuta mais os pássaros, os rios, os ventos, onde a palavra divina se manifesta, como a Moisés no monte Horeb. Os ouvidos estão fechados.

É preciso hoje recuperar os sons harmônicos para levarmos as melodias angélicas e celestiais. Onde está a transcendência? A Palavra, o mistério, a felicidade e a paz?

E como o Santo Padre na homilia recomendo a todos a emergirem na verdade de Cristo. Rezemos para que o Senhor nos faça homens de Verdade, homens de amor, homens de Deus. Amém.

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