Íntegra

Homilia de Dom Aloísio Alberto Dilli, bispo de Uruguaiana (RS)

Caros irmãos bispos e demais participantes desta Celebração Eucarística, hoje iniciamos o dia com a Santa Missa pelos nossos irmãos bispos falecidos, especialmente os chamados para a vida eterna depois de nossa última Assembleia. Já é tradição esse significativo momento de comunhão entre nós e com nossos queridos irmãos que já partiram para a casa do Pai das Misericórdias, Deus de toda a consolação.

Queremos, sobretudo, louvar e agradecer ao Senhor por todo o bem que neles e através deles realizou no pastoreio de suas respectivas dioceses ou em outros serviços na Igreja. Que recebam a paz e a felicidade eterna.

O tempo pascal, que vivemos, ajuda-nos a colocarmos diante do mistério da morte não apenas numa atitude de tristeza ou de solidariedade humana, mas, sobretudo, de solidariedade e união na fé. Naquela fé que recebemos no batismo e renovamos tantas vezes em nossa vida cristã, a qual nos diz ser a morte não o fim de tudo, que a vida não nos é tirada, mas transformada segundo o desígnio do Senhor.

Como podemos ler, num dos banners dos corredores desta casa, umas das frases de Dom Helder Câmara: “A morte é o começo da verdadeira vida”. Esta é nossa fé, este é o nosso consolo e nossa esperança. Que Deus fortifique essa nossa fé, tantas vezes proclamada por nós e pelos irmãos que nos precederam e que os recordamos com saudade e gratidão.

A liturgia da Palavra do tempo pascal nos orienta dia após dia na fé da presença do Ressuscitado, d’Aquele que venceu a morte. Se na primeira semana os Evangelhos nos apresentaram o fato e as diversas aparições do Senhor; na segunda semana ouvimos que é preciso renascer do alto, nascer de novo pelo batismo, o qual nos une a Jesus Cristo, morto e ressuscitado; e que a fé faz de nós uma só e grande família de irmãos.

Nesta terceira semana do tempo pascal, que iniciamos, o Senhor se apresenta como Aquele que está no Pão Vivo descido do Céu. A multiplicação dos pães era apenas um sinal do verdadeiro Pão de Deus. Hoje, não estamos apenas diante de um sinal, mas contamos com a realidade de que o Senhor ressuscitado está conosco, como há pouco a nossa fé nos fez proclamar: “Ele está no meio de nós”.

Nossos irmãos falecidos, em vida, alimentaram constantemente a esperança de plena comunhão com o Senhor, o Ressuscitado; assim cremos que esteja acontecendo. É o mesmo Senhor que agora está entre nós que ainda peregrinamos neste mundo, Ele está na Assembleia reunida na fé no anúncio da Palavra em cada pessoa identificando-se de modo particular com os pequeninos, os pobres, os que sofrem e os que são mais necessitados e estará conosco sobretudo ao partimos o Pão da Vida. É o Cristo ressuscitado a doar a vida, seja no ontem, seja no hoje ou no amanhã. É sempre o mesmo Senhor a dar sentido à história de todos os tempos e lugares. Mas não bastaria o Senhor estar presente se não houvesse um verdadeiro encontro com Ele para transformar nossa vida com Sua luz e orientação.

A formação dos discípulos missionários começa com o encontro com Jesus Cristo. Conhecê-Lo é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-Lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas; e fazê-Lo conhecido com nossas palavras e obras é nossa alegria; eis o Documento de Aparecida. E em outro lugar continua: Conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria, segui-Lo é uma graça e transmitir esse tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher.

Portanto, esse encontro com Jesus Cristo produz uma mudança em nosso pensar e em nosso viver; é uma verdadeira conversão de vida que acaba no discipulado missionário em comunidade, pois não pode existir vida cristã fora da comunidade, como afirma também o Documento de Aparecida.

Renovando a fé na presença e no encontro com a Pessoa de Cristo nós queremos ser ouvintes atentos, como os discípulos de Emaús, que deixam arder seu coração a partir de Sua Palavra e que se dirigem à comunidade como discípulos missionários que transformaram a visão tida de um “Messias triunfalista”, que gerara a falsa segurança, medo, decepção para um corajoso anúncio do verdadeiro Ressuscitado, com um novo olhar e nova motivação.

Queremos ser qual Estevão, lembrado hoje na leitura dos Atos dos Apóstolos como cheio de graça e poder como quem fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Que este protomártir do seguimento de Cristo, primeiro discípulo missionário a dar a vida pelo Reino de modo muito semelhante ao Senhor, nos inspire em nossos dias, em nossa vida de discipulado e de missão. Que também nosso rosto se transfigure sempre mais na imagem do Senhor, por nossas palavras, nossas ações, sobretudo, pelo corajoso testemunho do martírio cotidiano ou até do derramamento do próprio sangue, se o sacrifício exigido for extremo.

Que o Ressuscitado seja nossa força, nossa luz, nosso Companheiro na caminhada, seja a paz e a recompensa dos que partiram na fé para a vida eterna. Assim seja.

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