Economia

Economista prevê recuperação lenta do setor de turismo após pandemia

Economista Edson Trajano afirma que as pessoas estão ansiosas para retomar suas atividades e voltarão a viajar tão logo seja possível

Kelen Galvan
Da redação

Desde o início da quarentena, o ramo de turismo brasileiro já perdeu R$ 62,56 bilhões, segundo o cálculo da CNC / Foto: Rudy and Peter Skitterians por Pixabay

O setor de turismo tem sido um dos mais afetados com a pandemia de coronavírus. Em pouco mais de dois meses desde o início da quarentena, o ramo de turismo brasileiro já perdeu R$ 62,56 bilhões, segundo o cálculo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgado na primeira quinzena de maio.

O setor é um dos mais importantes da economia brasileira, sendo responsável por 8,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, mas segundo estimativa do FGV Projetos, o PIB do turismo deve cair 39% neste ano.

Edson Trajano / Foto: Arquivo Pessoal

Para o economista Edson Trajano, o setor voltará a ser importante, não só no Brasil, como em todo o mundo, mas agora é necessário calma e paciência para que essas atividades retornem com segurança.

Ele acredita que a recuperação e a volta das atividades turísticas irá depender da pandemia. “Se a pandemia for controlada mais cedo possível, mais cedo será o processo de retorno dessas atividades. Também temos que pensar que a recuperação irá se dar muito lentamente em função da redução no número de pessoas contaminadas, e em função da propagação do vírus como um todo”.

Afetados diretamente pela restrição de circulação de pessoas e de transportes, o setor hoteleiro reduziu drasticamente suas atividades.

No ramo há mais de 20 anos e dono de um hotel em Cachoeira Paulista (SP) há sete, Izael Marcelo de Godoy fala dos desafios enfrentados neste período. Ele lembra que, logo no início da pandemia, ficaram 30 dias fechados, seguindo o decreto do Governo do Estado de São Paulo. Mas depois, um novo decreto autorizou a reabertura dos meios de hospedagem, com restrições, para atender profissionais da saúde, profissionais de vendas e de transportadoras, mantendo proibidas as vendas de turismo e lazer.

Izael Marcelo de Godoy / Foto: Arquivo Pessoal

“O movimento está muito reduzido, a renda online não existe mais. Antes, 70% das vendas de reservas eram pela internet, e hoje, em 30 dias tive cinco vendas, isso é muito pouco”, destaca Izael. Ele afirma que adotaram vários critérios para atender estes clientes, como manter o elevador fechado, o serviço de café da manhã passou a ser servido no quarto ou em mesa individual, entre outras.

Mesmo com o baixo movimento, Izael afirma estar conseguindo manter sua equipe, adotando as possibilidades propostas pelo Governo, como a redução de horário de trabalho.

Turismo religioso e o recomeço

O turismo que movimenta a cidade é o religioso, que também está parado seguindo as medidas para conter a propagação do vírus.

O economista destaca que há uma preocupação maior quanto a este tipo de turismo, por atender um público com grande número de idosos, considerado grupo de risco para a Covid-19, portanto, é um “turismo que requer mais cuidados”.

Trajano ressalta que o recomeço do setor turístico, como um todo, será difícil, porque num primeiro momento ainda haverá o medo de viajar, e também pelo custo adicional que será necessário, com um cuidado maior com a limpeza, para receber os hóspedes com um baixo risco de contaminação.

“Turismo no Vale do Paraíba deve ter uma recuperação mais rápida em função da boa localização”

No entanto, ele acredita que, após a quarentena, o turismo no Vale do Paraíba deve ter uma recuperação mais rápida em função da boa localização, próxima à região metropolitana de São Paulo. “Com o turismo que recebemos em Aparecida, Canção Nova e Frei Galvão temos a possibilidade de uma recuperação um pouco mais acelerada”, afirma.

Inovação

Enquanto isso, com a incerteza dos próximos meses, Izael tenta driblar a crise com criatividade, oferendo mais serviços para o hóspede e aumentando os cuidados com a segurança sanitária para que ele se sinta em casa,tanto pelo acolhimento, como também pela limpeza oferecida no local.

Uma inovação do hotel foi oferecer uma oportunidade de hospedagem para a Terceira idade, afim de oferecer conforto e segurança a este grupo de risco, durante este tempo de pandemia.

Trajano afirma que, mesmo com o cenário de incertezas, as pessoas querem viajar. “Por conta da quarentena, muita gente está presa em casa neste momento. E após a quarentena muitos quererão viajar. Então é uma possibilidade que temos de recuperação e avanço das atividades turísticas em médio e longo prazo”.

Ele acredita que essa programação de viagens vai acontecer tão cedo quanto for resolvida a pandemia. “Neste primeiro momento a prioridade é a saúde pública, mas resolvida esta crise, as pessoas vão começar a se planejar para viajar, porque todos estão ansiosos para voltar a uma rotina mais próxima da normalidade antes da pandemia”.

Dicas

Para minimizar os prejuízos durante este tempo, o economista orienta os empresários do setor de hospedagem a ver se sua empresa se enquadra nos programas de apoio oferecidos pelo Governo Federal durante esta crise.

“Os empresários do segmentos devem ficar bem atentos se é possível trabalhar junto com esses projetos do governo. De repente há uma possibilidade de manutenção do quadro de funcionários e será fundamental na reabertura desta atividade econômica. Aí você tem uma equipe bastante treinada e aproveita esta equipe já no processo de retomada”, explica.

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