Dia Mundial do Enfermo

Dia do Enfermo: O doente não é um número, é uma pessoa, diz voluntária

Dia Mundial do Enfermo é comemorado nesta segunda-feira, 11

Denise Claro
Da redação

Nesta segunda-feira, 11, é comemorado o Dia Mundial do Enfermo. A data foi instituída pelo Papa João Paulo II em 1992, e passou a ser celebrada por causa da memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes.

O objetivo do dia, segundo o documento de instituição, é ser “um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de chamado para todos a reconhecerem no rosto de seu irmão doente, a Santa face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, alcançou a salvação da humanidade “.

A Pastoral da Saúde, na Igreja Católica, se preocupa desde a atenção aos doentes até a articulação junto a entidades de políticas que visem atender as pessoas integralmente nas dimensões física, psíquica, social e espiritual.

Cleia Mello atua na Pastoral da Saúde há 17 anos./ Foto: Arquivo Pessoal

A Coordenadora do Regional Leste 1 da Pastoral da Saúde, Cleia Mello, explica que a Pastoral atua em três dimensões: solidária, comunitária e político-institucional.

“Levamos a presença de Jesus aos enfermos em hospitais, asilos, nas casas. Vamos ao encontro do irmão que sofre, que não pode ir ao encontro de Jesus. Também trabalhamos com palestras de conscientização, falando sobre prevenção de doenças, importância da vacinação, doenças mentais, suicídio. E buscamos parcerias políticas e com instituições, com postos do médico da família, e nos inserindo nos conselhos municipais e estaduais, e prestando serviço até mesmo junto aos profissionais de saúde.”

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Atuante há 17 anos na Pastoral, Cleia observa que o trabalho desenvolvido têm avançado. Os próprios profissionais de saúde têm valorizado mais a presença da Igreja e dado mais importância à assistência religiosa junto aos doentes. 

“As famílias, os doentes e os profissionais nos pedem essa presença. Os doentes se sentem mais confortados pelas visitas, e muitas vezes até a cura acontece, pois já foi comprovada cientificamente a eficácia da fé no processo de cura. Nesse trabalho, é importante olhar o enfermo. Aprendi que o doente não é um número, ele é uma pessoa, ele é importante. Não olhamos a religião, nem a cor e nem a língua. O nosso alvo é o doente. É o Cristo que está deitado ali e esperando por nós. O Cristo enfermo.”

Sobre o trabalho voluntário, ela afirma que é difícil, um “trabalho de formiguinha”, mas que é possível. 

“Para o voluntariado a pessoa tem que estar de coração aberto. Como disse Santa Teresa de Calcutá, a maior pobreza é a falta de amor. A gente procura dar muito amor, escutar muito, abraçar. Nossa humanidade está doente, e a presença da Igreja se faz muito importante. Até mesmo apoiar os profissionais, porque nossa saúde é muito precária. Os profissionais muitas vezes querem fazer e se sentem impotentes diante de tantas necessidades”. 

Receber de graça, dar de graça

A carioca Aline Paggy em visita às crianças em Hospital do Rio./ Foto: Arquivo Pessoal.

Visitar uma pessoa enferma é um gesto de misericórdia carregado de profundo sentido humano e espiritual. Para a Igreja, a atitude é uma prática de misericórdia corporal.

A jovem carioca Aline Paggy faz parte de alguns trabalhos voluntários, promovidos por movimentos da Igreja. Dentre eles, está o Sonhando Juntos, projeto que atende crianças enfermas e no qual ela está há seis anos. 

“Acreditamos que o voluntário pode ajudar muito uma criança a superar esse momento de adversidade doando um pouco de seu tempo para ela. Ao mesmo tempo a criança tem muito a oferecer ao voluntário, mostrando sua força, crescimento… É uma via de mão dupla onde todos saem edificados dessa relação. A criança tem um tio que a ajuda a sair um pouco dessa realidade e a incentiva e o voluntário tem a possibilidade de ser um agente transformador na vida dessa criança ou família e todos crescerem muito com isso tudo.”

Aline diz que o programa age de forma muito profunda na vida das crianças. São feitas várias atividades como desenhos, pintura, massinha, e enquanto a brincadeira acontece, valores e virtudes são passados.

“Não conseguimos mensurar o quanto a Fé, Esperança e a Caridade, que trabalhamos nas atividades, conseguem impactar na vida das crianças, mas podemos ver que superam sua enfermidade e crescem com essa sementinha da formação. Também trabalhamos muito com os sonhos das crianças. Acreditamos que os sonhos delas as movem e ajudam a sair de si mesmas. Com isso buscamos descobrir seus sonhos e realizá-los. Crianças que querem ser bombeiros, jogadores de futebol, confeiteiros… A partir daí ajudamos as crianças a enxergarem que são fortes e que conseguem alcançar o que quiserem em suas vidas.”

O Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial do Enfermo, diz que todos são dependentes uns dos outros, e que o Dom que se recebe de graça, deve ser dado da mesma forma. Para a voluntária, o trabalho tem uma remuneração que não tem preço. 

“É uma experiência que não tem como estimar o valor… Nós chegamos aos hospitais, aos leitos, cheios de amor para compartilhar com as crianças, mas no final, saímos de lá com mais do que levamos! Elas tiram uma força não sei de onde! É muito gratificante, mesmo, uma experiência que não dá para não ter na vida! Esse é o impulso que me leva ao trabalho voluntário: dar sem esperar nada em troca, dar o tempo que é o que temos entre as coisas mais preciosas dadas por Deus, levar amor, ser a Fé, a Esperança e a Caridade”. 

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