Punição

“Minas Gerais não pode ser mais a mesma”, afirma Dom Walmor

Arcebispo de BH afirmou, em entrevista, que espera a punição dos responsáveis pelo rompimento da barragem em Brumadinho

Da redação, com informações da Arquidiocese de BH

Dom Walmor preside Missa de sétimo dia pelas vítimas da tragédia de Brumadinho / Foto: Dani Gomide – Canção Nova

A oração pelos falecidos e, ao mesmo tempo, pelas famílias que ainda vivem a angústia pela falta de notícias de entes queridos que estão desaparecidos. A emoção tomou conta da Missa de sétimo dia presidida pelo arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, nesta quinta-feira, 31. Ele foi até Brumadinho, cidade devastada pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão no dia 25 de janeiro, para rezar com as pessoas que sofrem com a tragédia.  

Não só o interior da Igreja Matriz estava cheio: pessoas ocuparam as escadarias, as ruas da cidade e também outras igrejas, já que, a pedido do arcebispo, várias Missas foram celebradas ontem em outras localidades em intenção das vítimas dessa tragédia. 

Também do lado de fora pessoas acompanharam a Santa Missa, ainda muito emocionados diante das perdas / Foto: Dani Gomide – Canção Nova

Também estavam presentes na celebração o bispo auxiliar da arquidiocese, Dom Vicente de Paula Ferreira e o pároco da Paróquia São Sebastião, em Brumadinho, padre Renê Lopes, cuja emoção se tornou visível em lágrimas. Aos prantos, o sacerdote lembrou que muitas das vítimas eram seus paroquianos, pessoas que também ele pode dizer que perdeu, pessoas queridas por quem se chora nesse momento. 

Durante a homilia, Dom Walmor leu uma mensagem enviada pelo Papa Francisco, por meio do Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin. “Apesar das vicissitudes humanas, dos contratempos e das tragédias, é Ele quem conduz a nossa vida”. Em seguida, Dom Walmor pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da queda da barragem na sexta-feira, 25.

O arcebispo, em tom assertivo, pediu novos rumos à sociedade. Afirmou que as empresas precisam valorizar mais o ser humano e não colocar o lucro acima de tudo. “Diante de toda esta tragédia, Minas Gerais não pode ser mais a mesma. Precisamos dar um novo rumo à nossa sociedade. Somos chamados a dizer não à idolatria do dinheiro”, protestou. 

Ele também destacou que a fé não deixa morrer a esperança. Por isso, com o objetivo de fortalecer ainda mais o anúncio do Evangelho e a acolhida aos que sofrem, no Vale do Paraopeba, fez importante anúncio: a criação do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho.

No momento do ofertório, um gesto repleto de significado: um carrinho de mão, cheio de lama, simbolizou a devastação que pôs fim a vidas e feriu gravemente o meio ambiente.

Flor solitária em meio á lama representa vítimas que ainda não foram encontradas / Foto: Dani Gomide-Canção Nova

Já ao final da celebração, foram lidos os nomes de todas as vítimas fatais da tragédia. A igreja, nesse momento escura com as luzes apagadas, foi aos poucos iluminada com velas que os fiéis acenderam em homenagem a cada uma das vítimas.

Até o momento, o rompimento da barragem de Brumadinho, de propriedade da Vale, contabiliza 99 mortos, dos quais 57 já foram identificados, 393 localizados e outras 259 continuam desaparecidas.

Fiéis acendem vela em homenagem às vítimas da tragédia em Brumadinho / Foto: Dani Gomide – Canção Nova

Coletiva de imprensa 

Momentos antes da Santa Missa,  Dom Walmor atendeu a imprensa em uma rápida entrevista coletiva em frente à Igreja Matriz de São Sebastião, que fica no centro da cidade.

“Temos um longo caminho a percorrer. Minas Gerais não pode ser mais a mesma, assim como o Brasil tem que ser diferente. E nossa tarefa como Igreja Católica é ajudar, porque há um horizonte para o bem, para a justiça e a verdade”, afirmou Dom Walmor.

O arcebispo de Minas Gerais também pediu a responsabilização dos responsáveis pela queda da barragem. “A nossa Igreja Católica, bem como todos os segmentos da sociedade, temos que cobrar justiça e responsabilização daqueles que foram os agentes deste crime”, ponderou o religioso. “A legislação minerária não pode continuar como está, se não veremos outras catástrofes”, reiterou.

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A seguir, confira a entrevista coletiva concedida por Dom Walmor

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