Na Conferência do primeiro dia o Dr. José Eduardo Siqueira (Universidade Estadual de Londrina (PR), discorreu sobre a “Bioética no Curso de Medicina” e falou sobre as três idades da medicina. A primeira e a Idade do Paternalismo em que, segundo o professor, é a medicina sacerdotal, a ética da virtude, da heteronomia, esse é o modelo pré-convencional. Já na Idade da Biotecnologia tem ênfase a medicina da doença, passa a vigorar a ética do contrato, da autonomia solitária é o chamado modelo convencional. E por terceiro vem a Idade da Deliberação é a medicina da pessoa, a ética da deliberação, a autonomia solidária. O professor interpela: “Afinal, que modelo de profissional devemos formar, gerentes de biotecnologias complexas com uma visão biologicista do ser humano (medicina da doença) ou profissionais habilitados à reconhecer o paciente como ser biopsicossocial e espiritual (medicina da pessoa)? – conclui o professor.
Na formação do profissional de medicina hoje o prof Dr. José Eduardo Siqueira cita Guy Bourgeault: “O desafio aqui evocado transcende a pedagogia. No fundo, o que está em causa é saber se queremos que os profissionais “possuam”ao fim de sua formação as normas, as regras, o código que deve reger suas práticas, ou se se deseja que os profissionais tenham desenvolvido competência ética em termos rigorosos e pertinentes.”
O assunto “Bioética e Dignidade Humana” ficou por conta do Prof. Dr. Pe. Christian de Paul de Barchifontaine que inciou destacando as questões que angustiam o ser humano que são o sentido da vida, a busca da verdade e a busca da felicidade. Segundo o professor, “Enfrentar estes questionamentos, pensá-los criticamente, postular alternativas requer um entrelaçamento das áreas de conhecimento e exige um diálogo entre o social, o econômico e o político” − destaca. Ele ainda ressaltou que: “Seria simplesmente tragicômico a humanidade ter o domínio do mais íntimo da matéria (átomo), do universo (cosmos) e de si própria (gene) e se perder num projeto de morte, sem se entender e organizar num projeto global de mais qualidade de vida e felicidade, utilizando-se dos conhecimentos e instrumentos da tecnociência a sua disposição? – questionou Dr. Pe. Christian de Paul que fez questão de lembrar que a ciência deve servir às pessoas e as pessoas não devem ser postas a serviço da ciência. Ele fez ainda o convite para lembrar as três palavras célebres deixadas pela revolução francesa que são a: liberdade, igualdade e fraternidade, e concluiu a colocação questionando: “O século XIX exaltou a liberdade; o século XX, a igualdade. Será que o século XXI priorizará a fraternidade, a solidariedade?”