Nordeste

O povo teria água se o Governo fosse mais atento, diz bispo

A seca no nordeste é uma questão preocupante também para a Igreja no Brasil. Nesta 51ª Assembleia dos Bispos, o assunto foi mencionado durante as plenárias.

De acordo com o bispo de Barra (BA), Dom Frei Luís Flávio Cappio, OFM, a grande indignação está no fato de ver o dinheiro público sendo disperdiçado nas obras inacabadas da transposição do Rio São Francisco. Na opinião do bispo, o povo do nordeste “poderia ter água se o governo fosse mais atento às necessidades da população”.

“Há mais ou menos um mês, eu visitei as obras do projeto de transposição do Rio São Francisco. O projeto, que utilizou uma propaganda enganosa do Governo, dizendo que iria levar água para o povo, gastou bilhões de recursos públicos, e agora está tudo parado e aquilo que foi feito está se deteriorando”, relatou Dom Cappio.

Segundo o bispo, na época em que ele fez o jejum em favor da não transposição do rio, foi apresentado ao presidente Lula algumas alternativas para lidar com a situação da seca na região. Inclusive, segundo ele, projetos da ANA – Agência Nacional de Água – um órgão do Governo federal para assuntos hídricos.

Na ocasião, a ANA havia lançado um Atlas do Nordeste. Este projeto visava levar água para as populações carente da região nordestina tirando-a do Rio São Francisco, do Rio Parnaíba e dos açudes, “que são muitos no Nordeste”. “Nós havíamos proposto para o Governo esse projeto, que era do Governo Federal, da ANA. Mas as empresas interessadas, os grupos econômicos, eram bem mais fortes e o Governo optou, então, pelo projeto de transposição do rio.”

Para o bispo, se os projetos da ANA tivessem sido implementados, hoje o problema da falta de água, em algumas regiões nordestinas, estaria resolvido. “Com o dinheiro que foi gasto pelo ‘ralo’ da corrupção na transposição, as comunidades carentes do nordeste teriam água. Esta é a nossa indignação”, afirmou.

Dom Cappio também acredita que as obras da transposição não chegarão ao fim. O motivo, segundo ele, é a total ambiguidade do projeto. “A transposição é antissocial, antiecológica, antijurídica. Todas as bases de implementação do projeto não se sustentam. É um projeto insustentável!”, ressaltou.

“O meu parecer é que as obras da Agência Nacional de Água fossem implementadas para levar água a quem precisa. Eu acredito que, se esperar água pelo projeto da transposição, o povo continuará sem ela”, concluiu.

                 

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