Novo tempo litúrgico

Advento é tempo de reforçar a verdadeira esperança, diz bispo

Igreja inicia neste domingo, 2, o Advento; conheça os símbolos e o significado deste tempo litúrgico de preparação para o Natal

Julia Beck
Da redação

Coroa do Advento, um dos símbolos do Natal/ Foto: Wesley Almeida/ Arquivo CN

Advento, este é o novo tempo litúrgico que a Igreja viverá a partir deste domingo, 2. A palavra, que significa “vinda”, é o período em que os cristãos vivem à espera da vinda de Cristo, enquanto olham para o passado. “Celebrar o Advento significa enfatizar, destacar e recuperar a atitude de espera. É difícil esperar um Cristo que vem, e a Igreja dedica um tempo para que nós averiguemos, purifiquemos ou reforcemos as nossas verdadeiras expectativas e esperança” afirmou o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Armando Bucciol.

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Seguindo a vertente latina e romana, a Igreja Católica dedica, neste tempo, quatro semanas para que os fiéis reflitam a respeito do Natal do Senhor, a primeira vinda de Jesus. “Como diz o evangelho de João 1: 14, foi quando o Verbo se fez carne e veio morar entre nós. (…) A partir da primeira vinda, estamos preparando a vinda definitiva, quando nos encontraremos com Cristo”, sublinhou Dom Armando. Para o bispo, é importante frisar que o Advento não deve ser apenas um momento de memória do aniversário de Cristo, e sim de celebração da vinda Dele na terra.

Presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, Dom Armando Bucciol / Foto: CNBB

“Na celebração litúrgica, é uma celebração que se vive na alegria da esperança. Mais do que tempo de penitência, o advento é um tempo de alegre expectativa da vinda de Cristo, mas, como diz no livro do Apocalipse, Cristo é aquele que veio, que virá e que vem continuamente em nossas vidas. Ele vem de tantas maneiras, como na Eucaristia e na palavra, nos irmãos, sobretudo nos pobres. Fiquemos abertos ao dia da nossa Parusia, do nosso término, limpando-nos de tantas coisas que nos distraem da verdadeira espera, a espera de Cristo em nossa vida”, frisou Dom Armando.

A cor litúrgica do tempo do Advento é a roxa. Segundo o bispo, a cor enfatiza que este é um período de espera. Apesar de ser a mesma cor da Quaresma, a cor do Advento se distingue no sentido. “Enquanto no período de quaresma se destaca a dimensão penitencial, este período do Advento não é mais tanto a dimensão penitencial, e sim uma maior atenção àquilo que somos, vivemos, esperamos e procuramos em nossa vida. É a mesma cor, mas com nuances diferentes”, revelou.

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Personagens do Advento

Sobre a liturgia do período do Advento, Dom Armando destacou três protagonistas: o profeta Isaías, João Batista e Maria. De acordo com o bispo, estas três importantes figuras da Igreja auxiliam os cristãos a viverem bem a preparação para a Solenidade do Natal. “O Profeta Isaías, grande homem que deslumbra desde a antiguidade uma salvação que vem de Deus, com sua profundidade mística e teológica ajuda a comunidade também hoje a apontar para um futuro diferente”, interpretou o bispo. 

Para o presidente da Comissão da CNBB para a Liturgia, João Batista é o protagonista que incentiva à conversão. “Ele [João Batista] não passa a mão na cabeça, ele dá uma sacudida e pede: convertam-se, preparem-se, não fiquem aguardando passivos, assumam com responsabilidade, amor e fé, alguém que vem e bate à porta e pede que tu abras”.

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Maria, figura principal do quarto domingo do Advento, é, para Dom Armando, a grande protagonista. “Ela [Maria] nos mostra como se preparar e acolher Cristo em nossa vida, com a mente e o coração abertos. Maria é a mulher da esperança, da espera e que nos doa o Cristo”, frisou o bispo, que refletiu: “Quem se deixa conduzir domingo após domingo, por estes grandes testemunhos de fé saberá como acolher a Cristo e viver bem o Natal”.

A coroa do Advento

Helena e Maria durante a montagem da coroa do Advento/ Foto: Arquivo Pessoal/ Cintia Maria

A Coroa é composta de quatro velas nos seus cantos presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo do Advento, o presidente da celebração eucarística acende uma delas.“Esse simbolismo da coroa se justifica como uma tradição que liga os ramos com a árvore da vida, e com Cristo, luz que ilumina a todos. A progressiva iluminação das velas, realizada a cada domingo do Advento, representa o aumento da luminosidade de Cristo, que ilumina cada vez mais quem dele se aproxima”, comentou o bispo.

Além de participar do rito durante as missas dominicais deste tempo, Cíntia Maria, de 40 anos, conta que realiza o rito em casa, com o marido e as filhas Helena, de 5 anos, e Maria, de 6 anos. “Criei esse hábito e todos os anos eu monto a coroa do advento para preparar a minha família para viver o Natal”, contou. Segundo Cíntia, a oração da coroa foi aprendida há pouco tempo, com a irmã que é catequista, e desde então foi incorporada à preparação da família para o Natal.

“Já presenciava na missa, nas paróquias onde os padres fazem, mas em casa eu nunca

Coroa do Advento da família de Cíntia/ Foto: Arquivo Pessoal/ Cintia Maria

tinha feito, não era um hábito da minha infância, porém eu resolvi passar a fazer esse rito na minha casa”, revelou. Segundo Cíntia, desde que passou a rezar todos os domingos do Advento, junto à coroa, as filhas veem entendendo esse processo da espera que permeia a espera de Jesus. “Talvez elas [Helena e Maria] não tenham uma consciência plena de tudo isso, apesar de eu explicar todos os anos, mas como aprendi na Igreja, a criança absorve Deus por estes rituais (…). Cada símbolo vai criando na criança o desejo pelo belo e pelo divino, gerando a fé no coração da criança”.

Para as famílias que desejam iniciar o rito, Cíntia conta que é possível fazer a coroa em casa, em família, e é possível encontrar o rito pela internet. “O que vale é a intenção daquilo que fazemos. Rezar uma ave-maria que seja em família, já é algo muito positivo. Mais que dar dinheiro, brinquedo, presente de Natal, é preciso dar Deus para os nossos filhos, e coisas simples como essa fazem diferença no futuro. Ajuda a criar bons cristãos e bons cidadãos”, concluiu.

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