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No Carnaval, estes jovens optaram por "folias" alternativas; veja

Fazer uma obra social ou quatro dias em silêncio? Veja como esses jovens escolheram passar o Carnaval 2017

André Cunha
Da redação, com colaboração de Denise Claro

Dizem por aí que o ano só começa depois do Carnaval, afinal, o Brasil todo se envolve numa das maiores expressões culturais do país. Mas há quem prefira não cair na folia, e acaba optando por aproveitar os quatro dias de folga de outras maneiras.

aline paggy

Aline faz parte de um grupo de voluntários que constroem capelas para comunidade carentes / Foto: Arquivo pessoal

É o caso da Aline Paggy: ela faz parte de um grupo de voluntários, não apenas católicos, que nos dias de Carnaval vão para São Gonçalo (RJ), construir uma capela, destinada a uma pequena comunidade católica no meio rural. Atualmente, o padre celebra as Missas em um pequeno barraco.

O projeto Superação faz parte do Apostolado Regnum Christi, dos Legionários de Cristo. Paggy participou de uma construção, pela primeira vez, em São Paulo, no ano passado. Em 2013, assumiu a liderança do projeto de reformas no Rio de Janeiro.

A jovem administradora conta que a experiência é “maravilhosa” porque lhe proporciona tudo que sempre quis: trabalhar com ações desafiadoras, ajudar as pessoas e fazer a diferença.

“É muito gratificante! Primeiro, porque tenho oportunidade de estar com as pessoas, assim, de forma mais intensa, afinal, é como um retiro, onde você fica todos os dias com a pessoa, e fazendo a diferença. Então pra mim é muito bom. É aquela sensação de ‘estou fazendo a diferença, mas também me divertindo. Não é um peso”, afirma.

“É uma oportunidade de ser útil. A gente pode aproveitar o Carnaval, nos divertirmos e levar adiante, renovar o ânimo dessa comunidade que, pelo que já vimos, precisa de um novo ânimo. É algo diferente que todo mundo deveria passar pelo menos uma vez na vida”, completa.

Silêncio, é Carnaval!

Davi Caixeta

Davi Caixeta / Foto: Arquivo pessoal

Pois é, parece estranho, mas para o seminarista jesuíta, Davi Caixeta, esse será o seu “grito de Carnaval”, e, da mesma forma, para mais de 210 jovens que estarão num retiro de silêncio, promovido pelo Anchietanum (Centro de Juventude da Companhia de Jesus).

O retiro segue a proposta dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, um método de oração, através do silêncio, da meditação e da contemplação; mas também um itinerário espiritual de encontro com Deus.

O Anchietanum adaptou essa proposta em 5 etapas, os Exercícios Espirituais para Jovens (EEJ), que serão trabalhadas especialmente com grupos juvenis. Essas etapas acontecem todos os anos, no Carnaval e em outros períodos no decorrer do ano. Em cada uma das etapas dos EEJ, o jovem é convidado a rezar alguns aspectos de sua vida, de sua história e de sua realidade, à luz da Palavra e, especialmente, inspirado pela pessoa de Jesus.

Davi explica que são muitos os motivos que levam jovens a optarem por passar o Carnaval em um retiro inaciano: busca por um momento de tranquilidade, refletir melhor sobre a própria vida, tirar um tempo para pensar nas decisões, no próprio projeto de vida.

“Além de todas essas motivações, acredito que a principal motivação que leva jovens a fazer um retiro inaciano é a busca e o encontro com Deus, cultivando a espiritualidade, a intimidade com o Cristo, assim, enxergando a própria vida e a realidade com um olhar de misericórdia”, afirma.

Ele destaca ainda que, apesar de ser incomum aos jovens um retiro de silêncio no Carnaval, muitos têm procurado conhecer e se aprofundar na espiritualidade inaciana, tanto durante o Carnaval como em outros momentos.

“Creio que esse fenômeno é algo bem interessante e, em certa medida, revela como a juventude vem sendo marcada pelo desejo de aprofundar a intimidade com Deus e o conhecimento de si, do outro e da realidade. Acredito que faz muito sentido a busca por um retiro como esse, mesmo no tempo do Carnaval, pois a espiritualidade inaciana não é uma proposta de ‘fuga’ da realidade, mas é uma forma especial para rezar a própria vida, buscando e encontrando Deus em todas as coisas, em todas as pessoas”, diz.

juliene barros

Juliene Barros / Foto: Arquivo Pessoal

A Juliene Barros participou por cinco anos de retiros de silêncio com o Anchietanum. “O retiro foi uma experiência de reavivamento, de descobrir uma nova pessoa dentro de mim, mas tudo no silêncio”, conta a jovem. “Deus pode se manifestar a qualquer momento, desde a criação do Universo, como vamos estudando, rezando e meditando no EE. Confesso que os primeiros momentos não foram fáceis, mesmo eu sendo uma pessoa de não falar muito”, relata.

“Os quatro dias do Carnaval, me fizeram compreender melhor quem sou, e a escutar e a encontrar Deus, em coisas que nos passam despercebidas, no cotidiano. E depois desse dias, ao retornar para casa, eu queria continuar com aquele silêncio, interior e também exterior. Ali eu já sabia: voltaria no próximo ano”, ressalta.

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