Papa se reúne com embaixadores e destaca dramas sociais

Terrorismo, guerra civil na África e refugiados foram algumas das realidades analisadas pelo Papa; Pontífice também frisou exemplos da cultura do encontro

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco reunido com embaixadores creditados junto à Santa Sé / Foto: Reprodução CTV

Francisco reunido com embaixadores creditados junto à Santa Sé / Foto: Reprodução CTV

No tradicional encontro com o corpo diplomático para os votos de início de ano, o Papa Francisco falou aos embaixadores nesta segunda-feira, 12, sobre a cultura da rejeição e a necessidade de paz. O Santo Padre recordou a situação dramática em várias partes do mundo, como o terrorismo e os conflitos civis na África, mas também deixou uma mensagem de otimismo, agradecendo a Deus pelos dons concedidos em 2014.

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A rejeição, segundo o Papa, faz o homem olhar para seu próximo não como um irmão, mas como um concorrente. Como exemplos dessa mentalidade, ele citou o atentado no Paquistão, em dezembro passado, que matou mais de cem crianças.

O atentado em Paris na semana passada foi citado pelo Papa como um eco dessa cultura da rejeição, que acaba por dissolver toda a sociedade, gerando violência e morte. Outra consequência dramática é a crise na Ucrânia, para a qual Francisco desejou um caminho de reconciliação fraterna.

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Oriente Médio

Francisco fala aos embaixadores sobre situações dramáticas em vários países / Foto: Reprodução CTV

Francisco fala aos embaixadores sobre situações dramáticas em vários países / Foto: Reprodução CTV

Francisco recordou o encontro de oração realizado no Vaticano, que reuniu os presidentes de Israel e Palestina na esperança de poder retomar as negociações entre ambas as partes.

Ele mencionou ainda o crescimento do terrorismo de matriz fundamentalista na Síria e no Iraque, dizendo que este fenômeno é consequência da cultura do descarte aplicada a Deus. “Na verdade, o fundamentalismo religioso, ainda antes de descartar os seres humanos perpetrando horrendos massacres, rejeita o próprio Deus, relegando-O a mero pretexto ideológico”.

Diante do quadro de violência, Francisco renovou o apelo à Comunidade Internacional para iniciativas concretas em prol da paz e em defesa dos que são perseguidos. Também pediu que os líderes religiosos, políticos e intelectuais, especialmente muçulmanos, condenem a interpretação fundamentalista e extremista da religião.

O discurso do Papa não deixou de abordar os conflitos civis na África, em regiões como Nigéria, Líbia, República Centro-Africana, Sudão do Sul e República Democrática do Congo. Ele pediu compromisso dos governos e da Comunidade Internacional para colocar fim a todo tipo de violência.

Outras formas de rejeição

Além da situação de conflitos, Papa Francisco atentou para outras formas de rejeição, como em relação aos doentes e marginalizados. Ele citou como exemplo os afetados pela epidemia de Ebola, aproveitando a oportunidade para elogiar e agradecer todos os que trabalham no auxílio às vítimas do vírus.

Outra realidade é a dos deslocados e refugiados, e aqui Francisco falou não só dos que deixam a terra natal em busca de um futuro melhor, mas também dos que são exilados dentro da própria família.

“Penso sobretudo nos idosos e nos deficientes, bem como nos jovens. Os primeiros são objeto de rejeição, quando se consideram como um fardo e ‘presenças molestas’, ao passo que os últimos são descartados negando-lhes perspectivas de trabalho concretas para construírem o seu próprio futuro”.

Esperança

Mesmo diante das tristes realidades, Francisco disse que não se pode dominar pelo pessimismo, defeitos e falhas do mundo. É preciso agradecer a Deus pelos dons que Ele concedeu.

Como exemplos de esperança, o Bispo de Roma citou a Albânia que, mesmo com as feridas recentes, tem como característica a convivência pacífica e a colaboração entre seguidores de diferentes religiões. Da mesma forma, ele falou da Turquia, pelos frutos do diálogo ecumênico e inter-religioso, e a recepção aos refugiados, o que também acontece na Jordânia.

Outro exemplo que ratificou os frutos que o diálogo pode trazer foi a retomada de relações entre Cuba e Estados Unidos. Para o Papa, um exemplo que o alegra muito.

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