Ícone da Misericórdia

Madre Teresa de Calcutá é canonizada no Vaticano

Na homilia, o Papa destacou que todos somos chamados a por em prática o que pedimos na oração e professamos na fé: a caridade

Da redação, com Rádio Vaticano

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Retrato oficial de Madre Teresa para a canonização / Foto: Divulgação

A missão de Santa Teresa de Calcutá “permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres”. Foi o que disse o Papa Francisco na Missa de canonização da religiosa fundadora das Missionárias da Misericórdia, na Praça São Pedro, neste domingo, 4. Cerca de 120 mil fiéis, provenientes de todas as partes do mundo, participaram da cerimônia.

Na homilia, o Papa Francisco afirmou que, para Deus, todas as obras de misericórdia são agradáveis, porque na pessoa do irmão ajudado está o rosto de Deus que ninguém pode ver (cf. Jo 1,18). T”odas as vezes em que nos inclinamos às necessidades dos irmãos, dêmos de comer e beber a Jesus; vestimos, apoiamos e visitamos o Filho de Deus”, disse.

“Somos chamados a por em prática o que pedimos na oração e professamos na fé”, afirmou. Dito isso, o Santo Padre fez uma premente advertência: “Não existe alternativa para a caridade; quem se põe ao serviço dos irmãos, embora não o saibamos, são aqueles que amam a Deus.

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“A vida cristã, observou, não é uma simples ajuda oferecida nos momentos de necessidade. Se assim fosse, certamente seria um belo sentimento de solidariedade humana, que provoca um benefício imediato, mas seria estéril, porque careceria de raízes. O compromisso que o Senhor pede, pelo contrário, é o de uma vocação para a caridade com que cada discípulo de Cristo põe ao seu serviço a própria vida, para crescer no amor todos os dias”, disse o Papa.

Veja como foi o rito de canonização:

Jubileu do voluntariado

Citando o Evangelho proposto na liturgia do dia que diz: “seguiam com Jesus grandes multidões” (Lc 14,25), o Papa ressaltou que a “grande multidão” é representada pelo “vasto mundo do voluntariado”, reunido em Roma por ocasião do Jubileu da Misericórdia. “Sois aquela multidão que segue o Mestre, e que torna visível o seu amor concreto por cada pessoa”, disse o Pontífice dirigindo-se diretamente a eles.

“Quantos corações os voluntários confortam! Quantas mãos apoiam; quantas lágrimas enxugam; quanto amor é derramado no serviço escondido, humilde e desinteressado! Este serviço louvável dá voz à fé e manifesta a misericórdia do Pai que se faz próximo daqueles que passam por necessidade”.

Francisco lembrou que seguir Jesus é um compromisso sério e ao mesmo tempo alegre, que exige radicalidade e coragem para reconhecer o Mestre no mais pobre e colocar-se ao seu serviço. “Para isso, os voluntários que servem os últimos e necessitados por amor de Jesus não esperam nenhum agradecimento ou gratificação, mas renunciam tudo isso porque encontraram o amor verdadeiro.”

“Como o Senhor veio até mim e se inclinou sobre mim na hora da necessidade, continuou, assim vou ao seu encontro e me inclino sobre aqueles que perderam a fé ou vivem como se Deus não existisse, sobre os jovens sem valores e ideais, sobre as famílias em crise, sobre os enfermos e os prisioneiros, sobre os refugiados e imigrantes, sobre os fracos e desamparados no corpo e no espírito, sobre os menores abandonados à própria sorte, bem como sobre os idosos deixados sozinhos”.

Depois, disse o Santo Padre: “Onde quer que haja uma mão estendida pedindo ajuda para levantar-se, ali deve estar a nossa presença e a presença da Igreja, que apoia e dá esperança”.

Santa Teresa de Calcutá

Sobre a mais nova santa da Igreja, o Papa disse que, ao longo de toda a sua existência, ela foi uma dispensadora “generosa da misericórdia divina”, fazendo-se disponível a todos,  através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e daqueles abandonados e descartados. Comprometeu-se na defesa da vida, proclamando incessantemente que “quem ainda não nasceu é o mais fraco, o menor, o mais miserável”.

Referindo-se ainda sobre à nova Santa, disse que a fundadora das Missionárias da Caridade se inclinou “sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes da pobreza criada por eles mesmos”.

A misericórdia foi para ela, recordou Francisco, “sal”, que dava sabor a todas as suas obras, e a luz que iluminava a escuridão de todos aqueles que nem sequer tinham mais lágrimas para chorar pela sua pobreza e sofrimento.

“A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres. Hoje entrego a todo o mundo do voluntariado esta figura emblemática de mulher e de consagrada: que ela seja o vosso modelo de santidade!”

“Que esta incansável agente de misericórdia nos ajude a entender mais e mais que o nosso único critério de ação é o amor gratuito, livre de qualquer ideologia e de qualquer vínculo e que é derramado sobre todos sem distinção de língua, cultura, raça ou religião”, disse o Papa.

Por fim, Francisco ressaltou uma frase que Madre Teresa gostava de dizer: “Talvez não fale a língua deles, mas posso sorrir”. “Levemos no coração o seu sorriso e o ofereçamos a quem encontremos no nosso caminho, especialmente àqueles que sofrem. Assim abriremos horizontes de alegria e de esperança numa humanidade tão desesperançada e necessitada de compreensão e ternura”, concluiu o Papa.

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