Homilia

Papa: o Evangelho se anuncia com humildade, não com o poder

Na Missa de hoje, dedicada aos cristãos coptas às vésperas da viagem ao Egito, Papa falou sobre o verdadeiro anúncio do Evangelho

Da Redação, com Rádio Vaticano

No dia em que a Igreja recorda São Marcos evangelista, o Papa Francisco dedicou a Missa desta terça-feira, 25, na capela da Casa Santa Marta, ao Patriarca dos coptas Tawadros II e aos fiéis coptas, os quais encontrará daqui a poucos dias em sua viagem apostólica ao Egito.

“Hoje – disse o Papa no início da celebração – é dia de São Marcos evangelista, fundador da Igreja de Alexandria. Ofereço esta missa pelo meu irmão Papa Tawadros II, Patriarca de Alexandria dos Coptas, pedindo a graça que o Senhor abençoe as nossas duas Igrejas com a abundância do Espírito Santo”.

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Em sua homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, em que Jesus convida os discípulos a saírem para anunciar. Um pregador, disse, deve estar sempre a caminho. Para Francisco, é preciso ir onde Jesus não é conhecido e onde Jesus é perseguido ou desfigurado, para proclamar o verdadeiro Evangelho.

“Sair para anunciar. E nesta saída está a vida, se joga a vida do pregador. Ele não está protegido, não há seguro de vida para o pregador. E se um pregador busca um seguro de vida, não é um verdadeiro pregador do Evangelho: não sai, permanece protegido. Primeiro: ir, sair. O Evangelho, o anúncio de Jesus Cristo, se faz em saída, sempre; em caminho, sempre. Seja em caminho físico, seja em caminho espiritual do sofrimento: pensemos no anúncio do Evangelho que tantos doentes fazem – tantos doentes! – que oferecem a dor pela Igreja, pelos cristãos. Mas sempre saem de si mesmos”.

Mas como é “o estilo deste anúncio?”, questionou o Papa. “São Pedro, que foi propriamente o mestre de Marcos é muito claro na descrição deste estilo: O Evangelho deve ser anunciado em humildade, porque o Filho de Deus se humilhou, se aniquilou. O estilo de Deus é este e não existe outro. O anúncio do Evangelho não é um carnaval, uma festa. Este não é o anúncio do Evangelho”.

Vencer a tentação da mundanidade

O Papa enfatizou que o Evangelho não pode ser anunciado com o poder humano, com espírito de escalada, de subir. É preciso revestir-se de humildade uns pelos outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.

“E por que esta humildade é necessária? Justamente porque nós levamos avante um anúncio de humilhação, de glória, mas através da humilhação. E o anúncio do Evangelho sofre a tentação: a tentação do poder, a tentação da soberba, a tentação da mundanidade, de tantas mundanidades que existem e nos levam a pregar ou a recitar; porque não é pregação um Evangelho aguado, sem força, um Evangelho sem Cristo crucificado e ressuscitado. E por isso Pedro diz: ‘Cuidado…o inimigo de vocês, o diabo, assim como um leão faminto circula buscando alguém para devorar. Resistam, firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos são impostos aos seus irmãos espalhados pelo mundo’. O verdadeiro anúncio do Evangelho sofre a tentação”.

Francisco acrescentou que se um cristão afirma que anuncia o Evangelho, mas nunca sofre tentação, significa então que o “diabo não se preocupa” porque se está pregando algo que não serve. “Por isso, na pregação verdadeira, há sempre algo de tentação e também de perseguição”.

O Papa destacou que, quando há sofrimento, será o Senhor a resgatar, a dar força, porque é isto que Jesus prometeu quando enviou os Apóstolos. “Será o Senhor a nos confortar, a nos dar força para ir avante, porque Ele age conosco se formos fiéis ao anúncio do Evangelho, se sairmos de nós mesmos para pregar Cristo crucificado, escândalo e loucura, e se nós fizermos isso com um estilo de humildade, de verdadeira humildade. Que o Senhor nos dê esta graça, como batizados, todos, de empreender o caminho da evangelização com humildade, com confiança Nele, anunciando o verdadeiro Evangelho: ‘O Verbo se fez carne’. O Verbo de Deus se fez carne. E esta é uma loucura, é um escândalo; mas fazê-lo na consciência de que o Senhor está do nosso lado, age conosco e confirma o nosso trabalho”.

A missa foi concelebrada pelos cardeais conselheiros que compõem o C9 – o grupo de trabalho instituído pelo Papa Francisco para a reforma da Cúria Romana.

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