Ecumenismo

Especialistas contextualizam visita do Papa à Suécia

Visita à Suécia celebra os 500 anos da Reforma Protestante e os 50 anos de diálogo ecumênico entre católicos e luteranos

Denise Claro
Da redação

Papa Francisco durante visita à Igreja Evangélica Luterana de Roma./ Foto: L'Osservatore Romano.

Papa Francisco durante visita à Igreja Evangélica Luterana de Roma./ Foto: L’Osservatore Romano.

O Papa Francisco chegou, na manhã desta segunda-feira, 31, à Suécia para a comemoração ecumênica luterano-católica dos 500 anos da Reforma Protestante.

As atividades ecumênicas principais da visita acontecem nesta segunda-feira, 31, em duas cidades suecas: a primeira, com a oração comum na Catedral Luterana de Lund (11h30 pelo horário de Brasília); logo após, um encontro no Estádio de Malmö (13h40 em Brasília), aberto ao público, em que são esperadas cerca de 10 mil pessoas. Amanhã, o Pontífice celebrará uma Missa para os católicos do país no Swedbank Stadion, em Malmö (6h30 em Brasília).

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Padre Inácio José do Vale, sociólogo em ciência da religião e professor de História da Igreja./ Foto: Arquivo Pessoal.

Padre Inácio José do Vale, sociólogo em ciência da religião e professor de História da Igreja./ Foto: Arquivo Pessoal.

Padre Inácio José do Vale, sociólogo em ciência da religião e professor de História da Igreja, explica que “a Reforma Protestante (acontecida no século XVI) foi uma reação ao abuso das indulgências.” 

Porém, ressalta que a peça principal para o cisma foi a falta de sabedoria do cardeal Cajetanus de Vio em fazer com pressa a assinatura de excomunhão de Lutero. “Acabou atropelando o tempo, faltou diálogo e bons assessores.”

Para Padre Inácio, católicos e protestantes podem comemorar ecumenicamente a Reforma. “Devem viver este encontro na humildade, na consciência do amor ao próximo, no perdão e na força conjunta pela unidade do cristianismo. Chega de divisão. O nosso tempo é de união e a nossa fé é de comunhão.”

Na comemoração do quinto centenário, também são celebrados os 50 anos de diálogo ecumênico contínuo iniciado entre católicos e luteranos a partir do Concílio Vaticano II. 

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Prof. Felipe Aquino é autor de 46 livros e apresentador da TV Canção Nova./ Foto: Canção Nova

Prof. Felipe Aquino é autor de 46 livros e apresentador da TV Canção Nova./ Foto: Canção Nova

O professor de História da Igreja Felipe Aquino lembra que a Igreja sempre procurou a unidade dos cristãos. “Especialmente com o Papa João XXIII, vários observadores protestantes foram convidados para estar mais próximos da Igreja, principalmente os luteranos, que são mais tradicionais”. 

Para o especialista, a Igreja tem um programa de buscar a unidade. “Também os Papas seguintes deram continuidade a esse diálogo: Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II, Bento XVI, se reuniram com os luteranos.”

Muitos passos de aproximação foram dados entre os dois grupos nesse meio século, dentre eles, a assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, em 1999. O documento estabeleceu um consenso sobre a salvação por meio da fé, questão antes bem divergente entre luteranos e católicos. 

Padre Inácio afirma que a visita do Papa Francisco à Suécia tem um simbolismo de unidade, comunhão e misericórdia. “O Papa Francisco é o pastor da união cristã. Muitos líderes protestantes têm visitado o Papa. Os elogios a ele são abissais!”

O Pontífice têm continuado o caminho de aproximação e diálogo feito pelos outros papas. No último dia 13 recebeu, no Vaticano, cerca de mil luteranos, em peregrinação ecumênica. No encontro, sublinhou a necessidade de dar graças a Deus por luteranos e católicos estarem caminhando juntos pelas vias que vão do conflito à comunhão.

“Já percorremos, juntos, um importante percurso de estrada. Ao longo do caminho provamos sentimentos contrastantes: dor pela divisão que ainda existe entre nós, mas também a alegria pela fraternidade reencontrada.” 

Professor Felipe ressalta que este encontro acontece em um espírito de comunhão e de diálogo. “O que o Papa quer é dar passos em direção à unidade, fazendo um gesto de boa vontade, com o objetivo de chegar naquilo que Cristo nos pede “um só rebanho, um só pastor”.

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