Bento XVI em Chipre

Papa entrega instrumento de trabalho do Sínodo para o Oriente Médio

A viagem do Papa Bento XVI a Chipre alcançou este domingo, 6, o seu ápice com a publicação do Instrumento de Trabalho (Instrumentum Laboris) da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos. O ato ocorreu durante a celebração da Santa Missa no Ginásio de Esportes Elefthería de Nicósia, capital da Ilha.

Na presença de seis mil fiéis, entre os quais os patriarcas e os bispos católicos do Oriente Médio, o Papa desenvolveu sua homilia sobre o Corpo e Sangue do Senhor, na Solenidade de Corpus Christi, que o Brasil celebrou na última quinta-feira.

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O Papa citou Santo Agostinho, que nos recorda que o pão não é preparado a partir de um só grão, mas de inúmeros grãos: “Cada um de nós que pertencemos à Igreja precisa sair do mundo fechado da própria individualidade e aceitar a companhia daqueles que partilham o pão conosco. Não devo mais pensar a partir de ‘mim mesmo’, mas de ‘nós’. É por isso que todos os dias pedimos ao ‘nosso’ Pai que nos dê o pão ‘nosso’ de cada dia”.

Para entrar na vida divina, prosseguiu o Pontífice, a primeira premissa é derrubar as barreiras entre nós e nossos vizinhos e nos libertar de tudo aquilo que nos bloqueia e isola: temor e desconfiança de uns para com os outros, avidez e egoísmo, falta de vontade de aceitar o risco da vulnerabilidade à qual nos expomos quando nos abrimos ao amor.

Em grego, Bento XVI afirmou: “Caros irmãos e irmãs em Cristo, hoje somos chamados a ser um só coração e uma só alma, para aprofundar nossa comunhão com o Senhor e uns com os outros, e testemunhá-Lo diante do mundo”.

Hoje, continuou o Papa, somos chamados a superar as nossas diferenças, a levar paz e reconciliação onde há conflitos e a oferecer ao mundo uma mensagem de esperança.

“Somos chamados a atender os que estão em necessidade, partilhando generosamente nossos bens terrenos com os menos favorecidos. E somos chamados a proclamar incessantemente a morte e ressurreição do Senhor, até que Ele venha.”

Instrumentum Laboris

No final da celebração, tomou a palavra o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola Eterovic, convidando o Papa a entregar o Instrumento de trabalho.

Com a convocação deste Sínodo, que será realizado de 10 a 24 de outubro, com o tema “A Igreja Católica no Oriente Médio: comunhão e testemunho”, o Arcebispo recordou que, todos os bispos do Oriente Médio, inclusive aqueles da Diáspora, refletirão sobre a atual situação eclesial e social nas respectivas Igrejas.

“No Oriente Médio, há situações difíceis, que podem ser comparadas com a dispersão das pessoas em busca de alimento para sobreviver “em uma região deserta” – constatou Dom Eterovic, recordando que a finalidade do Sínodo será implorar de Deus Uno e Trino a graça de doar um novo dinamismo pastoral às Igrejas na região, para que possam prosseguir sua providencial missão.

Antes de sua saudação, Bento XVI quis recordar a morte do Presidente da Conferência Episcopal Turca, Dom Luigi Padovese, que contribuiu à preparação do Instrumentum laboris.

“As notícias de sua imprevisível e trágica morte, na quinta-feira, nos surpreenderam e nos chocaram” – afirmou o pontífice, destacando seu trabalho em prol do diálogo inter-religioso, ecumênico e cultural. “Sua morte é um lembrete da vocação de todo cristão de ser testemunha corajosa em toda circunstância daquilo que é bom, nobre e justo.”

Oriente Médio

A seguir, o Papa afirmou que o Oriente Médio tem um lugar especial nos corações de todos os cristãos, já que foi ali que Deus se revelou.

Desde então, os cristãos olham para o Oriente Médio com uma reverência especial e continuam presentes na região apesar das hostilidades que, às vezes, são obrigados a enfrentar. Eis, portanto, que o Sínodo é uma ocasião para os cristãos do resto do mundo de oferecerem apoio espiritual e solidariedade aos irmãos e irmãs do Oriente Médio.

Muitas vezes, continuou, os cristãos atuam como “artesãos da paz” no difícil processo de reconciliação: “Vocês merecem o reconhecimento pelo papel inestimável que desempenham. É minha firme esperança que seus direitos sejam sempre mais respeitados, inclusive o direito à liberdade de culto e à liberdade religiosa, e que jamais sofram discriminações de qualquer tipo”.

E antes de entregar pessoal e individualmente o texto aos patriarcas e bispos presentes, Bento XVI renovou seu apelo por um esforço internacional urgente e conjunto a fim de resolver as tensões que permanecem no Oriente Médio, em especial na Terra Santa, antes que esses conflitos levem a um derramamento de sangue ainda maior.

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