Coluna - padre Anderson

Padre reflete sobre verdadeiro espírito da Liturgia

Verdadeiro e autêntico espírito da Liturgia para uma vivencia no Ano da Fé

Continuando o esforço necessário para enraizar a liturgia romana nas várias culturas, os bispos, assistidos por pessoas competentes e fiéis às orientações do Magistério que dizem respeito à disciplina da Igreja universal, devem cuidar em conservar sempre o “verdadeiro e autêntico espírito da Liturgia, no respeito à unidade substancial do Rito romano, expressa nos livros litúrgicos” .

Alguns elementos de reflexão antes de tudo acerca do verdadeiro e autêntico espírito da Liturgia, e depois acerca do sentido da frase: “no respeito à unidade substancial do Rito romano”, expressa nos livros litúrgicos.

Com referência ao espírito da Liturgia não se pode duvidar que o Concílio Vaticano II entendia referir-se a uma realidade sempre presente na Igreja, mesmo se nem sempre vivida com igual acentuação. Uma coisa são as acentuações vitais que ao interno de um mesmo “espírito” a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental, nas várias épocas culturais, sublinharam e favoreceram no Povo de Deus, e outra é o “espírito da Liturgia” no seu núcleo fundante e original.

Este “espírito” não deriva das formas exteriores, que, na maior parte, são provenientes das culturas nas quais o Cristianismo se difundia, mas é subjacente a elas como aquilo que lhes confere o ser, como instrumento e manifestação exterior de convergência da ação de Cristo e de sua Igreja em nível de graça invisível. É preciso recordar, além disso, que os Padres Conciliares, quando se referiam ao “verdadeiro e autêntico espírito da liturgia” , tinham presente quanto a Constituição sobre a Sagrada liturgia enuncia no seu proêmio (1´4) e na primeira parte do primeiro capítulo (5´13).

Se a Reforma litúrgica criou as condições e os meios para fomentar no povo de Deus o restabelecimento de um mais profundo sentido da “Igreja em oração” e da “oração da Igreja”, muito ainda resta por fazer para alcançar aquele objetivo, que sensibilize todos os fiéis de qualquer cultura. Muitos, talvez, se lançaram com ardor no novo, esquecendo-se do antigo. Outros permaneceram ligados às formas exteriores colocando em dúvida a necessidade de renovação, que era bem mais evidente e não podia se confundir com os desvios reprovados não somente pela autoridade competente, mas também pela maioria dos fiéis.

Se a Liturgia não levasse os fiéis a manifestarem com a vida o mistério salvífico de Cristo, Deus e Homem, e a genuína natureza da verdadeira Igreja, onde aquilo que é “humano se ordene ao divino e a ele se subordine o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à cidade futura que buscamos” , não se poderia falar de atuação do verdadeiro e autêntico espírito da Liturgia. Deve-se firmemente compreender que se é uma importante tarefa investigar as formas em que é possível e obrigatório inculturar a liturgia, mais importante ainda e igualmente obrigatório é que a obra redentora de Cristo que está presente na sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas, seja percebida, atuada e vivida em cada povo e língua, para a glória de Deus e a santificação dos homens.

É dever dos Pastores guiar o povo que os foi confiado que, como todos os povos, tem necessidade de sinais expressivos de canto, de sentimento e devoção externa, para conjugar o verdadeiro espírito litúrgico com a sua verdadeira religiosidade, com a sua alma mais profunda.


 

 

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