10 anos da Conferência de Aparecida

Dom Murilo Krieger: Documento de Aparecida tem muita coisa a ensinar

Vice-presidente da CNBB afirma que Documento de Aparecida fez surgir um novo ânimo na vida da Igreja

Monique Coutinho
Enviada à Aparecida (SP)

Dom Murilo Krieger / Foto: Arquivo CN

Os 10 anos da Conferência de Aparecida é um dos assuntos que estão em pauta neste 2º dia de Assembleia Geral dos Bispos. O vice-presidente da CNBB e Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA), Dom Murilo Krieger, falou com exclusividade para o noticias.cancaonova.com sobre o assunto. De acordo com ele, passaram-se 10 anos da conferência e até hoje a Igreja acolhe frutos gerados a partir deste documento.

“O principal foi um novo ânimo na vida da Igreja, uma nova disposição e entusiasmo, que é o que mais falta. As propostas que surgiram desta conferência fizeram surgir um novo espírito nos sacerdotes, religiosos, leigos e leigas. Por isso digo que é uma mina que precisa ser mais explorada, tem muita riqueza nessa mina que não conhecemos. Em outras palavras, passaram 10 anos e o Documento de Aparecida não é só atual, mas tem muita coisa ainda para nos ensinar”.

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Uma das propostas deste evento foi o de convocar a Igreja a formar discípulos missionários a partir do encontro com Jesus. A partir daí, Dom Krieger observa que tal chamado foi atendido por muitos.

“Em grande parte muitos escutaram. É como no tempo de Jesus, Ele foi o primeiro a fazer a proposta, houve muitos seguidores, houve gente indiferente e aqueles que foram contrários aos ensinamentos. Mas na Igreja foi muito grande a aceitação em entender que o cristão é um discípulo de Jesus, e não só discípulo, ao mesmo tempo que ele aprende ele tem obrigação de levar a mensagem (…) Temos que nos convencer de que não dá para separar discípulo de missionário. O discípulo por essência é missionário, e se alguém não é missionário é porque não aprendeu a ser discípulo” afirma.

Este tema está como um dos prioritários para debate na Assembleia, pois apesar de ter passado 10 anos de Conferência, ainda há coisas para se descobrir no documento.

“Trazer este assunto aqui na Assembleia é para que possamos continuar iluminando os vários campos de reflexão que estamos enfrentando no país. Para todos esses momentos, Aparecida é uma luz, uma orientação, especialmente quanto à participação e envolvimento de todo cristão neste trabalho missionário, porque durante muitos séculos ficou a ideia de que o missionário é o padre, o religioso e a religiosa, mas não o batizado que é o missionário”, acrescenta Dom Murilo.

O convite do Documento de Aparecida é feito para todos: que haja mais interesse das pessoas em servir a Deus por meio da Igreja. Referente a isso, o bispo afirma que ninguém consegue amar o desconhecido e que daí surge um novo desafio para a Igreja: evangelizar.

“Nós da Igreja temos riquezas imensas da revelação de Jesus Cristo que é Pai, Misericórdia e Amor. É aquele que acolhe o filho pródigo, porém muitos não têm esta visão. Muitos têm uma visão de Deus estereotipada, fechada, pobre e mesquinha. Na verdade, o que os romanos fizeram de construir deuses à sua imagem e semelhança ainda continua nos dias de hoje, porque quando não se tem o Deus verdadeiro, cada um constrói seu deus, seu ídolo. Daí surge o grande desafio para a Igreja que é o de evangelizar, levar a boa nova. Ela [Igreja] recebeu uma herança que é a alegre notícia de Jesus, mas ela tem a obrigação de levar a outros essa mensagem” conclui.

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