Coluna - padre Anderson

Desafios pastorais na catequese litúrgica com adultos

Normalmente, atribui-se ao grupo de catequistas, e às vezes ao pároco, a responsabilidade de conduzir o processo catequético. Esquece-se, assim, de que toda a comunidade cristã é convidada a exercer a sua maternidade espiritual e manifestar publicamente o seu compromisso de fé e de vida cristã para com os catecúmenos.

Dessa afirmação, fica evidente que a catequese não é tarefa somente de algumas pessoas, mas função comunitária eminentemente eclesial. Pressupõe uma comunidade cristã com grande preocupação de iniciar progressivamente os novos filhos na fé e na vida da Igreja, pois à comunidade cristã cabe a educação dos catecúmenos por meio do exercício de sua maternidade espiritual em sua tríplice função de despertar, acolher e sustentar a fé dos candidatos.

Disto decorre ainda que o catecúmeno não é um indivíduo isolado, mas necessita de um testemunho e uma ajuda comunitária, já que a fé se expressa numa vida cristã concreta, o que supõe adquirir com os outros uma consciência cristã para transformar os costumes, o comportamento e os compromissos.

Para uma verdadeira catequese não basta apenas planejar o bom andamento de um conjunto de temas, mas promover a integração da caminhada da comunidade cristã com a mensagem evangélica. Desta forma, a comunidade estará formando-se na fé e sendo sinal profético e evangelizador para aqueles que desejam fazer-se cristãos.

O impulso renovador da catequese, inspirado nas orientações do Vaticano II, Medellín, Puebla e na Exortação de João Paulo II sobre a catequese foi de enorme valia para a organização dos conteúdos catequéticos e estruturação da metodologia de trabalho. Procurou-se valorizar mais as realidades terrenas, as situações concretas vividas pelo povo como tema de catequese. São as assim chamadas catequeses temáticas (família, trabalho, política, justiça social, drogas, sexualidade etc.).

O agente de catequese com adultos deve estar consciente de que a Bíblia é um livro escrito por adultos para adultos, que registra a experiência de fé deles. Mostra um povo que descobriu a verdade libertadora de Deus nos acontecimentos de sua história.

A Bíblia convida os adultos de hoje a fazerem o mesmo. Os profetas eram formadores, comunicadores que se dirigiam aos adultos com responsabilidade de fazer cumprir a aliança. Crianças e jovens aprendiam com os adultos, ouvindo as histórias do povo, participando das festas litúrgicas.

O Novo Testamento nos mostra Jesus que acolhia e abençoava as crianças, mas somente os adultos eram instruídos e orientados a segui-Lo e fazer o que Ele fazia. Também as primeiras comunidades são formadas por adultos evangelizados, atraídos ao projeto e à pessoa de Jesus e catequizados por meio da participação na comunidade e do ensino dos mais experientes.

Portanto, a Bíblia é um livro dirigido especialmente aos adultos e deve ser a fonte primeira e mais importante de todo o processo catequético. Mas para que isso aconteça efetivamente e dê frutos, o próprio agente de catequese deve se formar para ter uma visão da Bíblia que realmente ajude os adultos a alimentarem sua vida cristã. Pois não se trata de colocar simplesmente a Bíblia na catequese com adultos e fazer a leitura de certos textos. Supõe antes que o agente de catequese saiba usar a Bíblia dentro de uma visão de atualização, dentro do contexto atual da vida, levando a um compromisso individual, comunitário e social.


 

 

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